Ao passar do tempo, surgiram várias ferramentas digitais que ajudam a movimentar o dinheiro da população e proporcionam mais praticidade na hora de efetuar compras ou transferências. No entanto, nem todo mundo é adepto das tecnologias e novidades, que envolvem o mercado financeiro e acabam utilizando artifícios ainda convencionais.
Em tempos de Pix, alguns brasileiros ainda emitem 200 milhões de cheques ao ano. Número de compensação segue firme especialmente em municípios menores, com forte presença do agronegócio.
Mesmo com a popularização do Pix, o uso do cheque ainda é muito forte no Brasil. | Reprodução |
Mesmo com a popularização do Pix, a utilização do
cheque ainda é muito forte no Brasil. Atualmente, são compensados mais de 200
milhões de folhas de cheques por anos, pois ainda é uma forma de pagamento de
salário ou de parcelamento. Diante disso, podemos concluir que essa forma de
pagamento que ficou de lado por grande parte da população bancarizada, segue
substituindo dinheiro, transferências eletrônicas, cartões, principalmente por
pessoas que moram em regiões mais distantes e com difícil acesso à internet.
No final de 2020, o Pix ajudou a reduzir a circulação de
cheques, mas o número de compensação segue firme especialmente em municípios
menores, com forte presença do agronegócio, é o que aponta o levantamento do
Banco Central a pedido do Estadão. Ainda de acordo com os dados de mesmo
ano, foram compensados 287 milhões de cheques, volume que caiu para 219
milhões em 2021. Até maio deste ano foram 76 milhões de folhas emitidas, mesmo
com o advento do Pix.
O diretor adjunto de Serviços da Federação Brasileira dos
Bancos (Febraban), Walter Faria, reconhece que o cheque continua relevante no
País, principalmente onde a internet é intermitente. “Alguns comerciantes, por
exemplo, ainda pedem o cheque. Eles ainda endossam o cheque e o repassam,
funcionando como se fosse um crédito”, afirma Faria, embora acredite que, com o
avanço da bancarização e da melhora do sinal da internet, o uso do cheque
seguirá caindo.
O uso do cheque é parte da cultura do negócio, segundo o empresário José
Oliveira, que atua na compra e na venda de hortifrúti para o varejo. Ele usa
cerca de 200 folhas da cédula do pré-datado para a compra de insumos para a
empresa de forma mensal. “Pelo menos 90% dos meus pagamentos são feitos com
cheque”, conta. “No Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo), o uso do cheque ainda é muito forte, dificilmente alguém faz um
pagamento por Pix.”
Mesmo com a dependência da modalidade de crédito,
Oliveira afirma que prefere não repassar cheques recebidos para evitar as
dores de cabeça em caso de inadimplência. “Tem de tomar cuidado com quem passa
o cheque para você. Hoje em dia só 5% dos cheques que eu recebo acabam voltando”,
diz.
O cheque ocupa um espaço que outros meios ainda não
entraram, assim como o pré-datado. Professor da Escola de Economia da FGV,
Joelson Sampaio diz que o cheque permite ao comerciante a programação de
pagamentos. “Isso os ajuda no controle financeiro de seus negócios. Isso ajuda
a explicar o porquê de o cheque ainda ser muito utilizado, apesar do avanço dos
cartões e do Pix”, diz.
Interior
O músico Rodrigo Moura recentemente desengavetou o
cheque para pagar uma reforma. Ele mora em Porto Feliz (SP), cidade com um
pouco mais de 50 mil habitantes. Foi a forma que ele conseguiu a possibilidade
de parcelamento, com os prestadores de serviços, tal como o vidraceiro.
A maior cooperativa de crédito do
país, a Sicoob, em número de agências bancárias, tendo recentemente superado o
Banco do Brasil, percebe um volume de cheque resiliente às últimas inovações
tecnológicas. “Cheque ainda é um instrumento muito utilizado, vem sofrendo
redução, mas segue importante e circula muito ainda, inclusive como instrumento
de crédito”, diz o diretor de Coordenação Sistêmica e de Relações
Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen. “É muito empregado em localidades de até
20 mil habitantes.”
Com Informações de InfoMoney
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