A dois meses do primeiro turno, 54% dos eleitores afirmaram ter vivido alguma situação de constrangimento, ameaça física ou verbal em razão de suas posições políticas nos últimos meses, aponta pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (31) pelo jornal "Folha de S.Paulo".
O contingente é mais
alto entre simpatizantes do PT (63%), eleitores de Lula (58%), mais instruídos
(62%), que reprovam o governo Bolsonaro (62%), autodeclarados pretos (60%) e
homossexuais e bissexuais (65%).
Entre todos os
entrevistados, 49% dos eleitores brasileiros diz ter deixado de conversar
sobre política com amigos e familiares nos últimos meses para evitar
discussões. Além disso, 15% disseram já ter recebido ameaça verbal e 7%,
física.
A pesquisa Datafolha,
contratada pela Folha, ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades do país entre quarta
(27) e quinta (28). A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número
BR-01192/2022.
O Datafolha apresentou
três situações de constrangimento ou coação e pediu aos entrevistados que
respondessem se já passaram ou não por casos do tipo:
·
Deixou de conversar com amigos ou familiares sobre
política para evitar discussões
·
Foi ameaçado verbalmente por causa das suas
posições políticas
·
Foi ameaçado fisicamente por causa das suas
posições políticas
Apoiadores
de Lula são mais afetados
Entre aqueles que deixaram
de conversar com amigos ou familiares sobre política para evitar
discussões, o índice é maior entre os eleitores do ex-presidente Lula (54%).
Entre os apoiadores do presidente Bolsonaro, o percentual é de 40%.
Entre os que afirmam ter
sofrido ameaça verbal, o índice passa a 19% entre os que têm intenção de votar
em Lula. Já entre os que dizem votar em Bolsonaro, o índice é de 12%.
Em relação a ameaças
físicas, o índice é de 9% entre eleitores de Lula e de 5% entre os de
Bolsonaro.
O mesmo comportamento é
observado nas redes sociais. O Datafolha aponta que 53% dos entrevistados
mudaram a postura nas redes sociais para evitar atritos com amigos e familiares
e 41% deixaram de comentar e publicar conteúdo eleitoral.
O Datafolha apresentou
três situações vividas entre quem tem redes sociais:
·
Deixou de comentar ou compartilhar alguma coisa
sobre política em grupo de WhatsApp para evitar discussões com amigos ou
familiares
·
Deixou de publicar ou compartilhar alguma coisa
sobre política nas suas redes sociais para evitar discussões com amigos ou
familiares
·
Saiu de algum grupo de WhatsApp para evitar
discussões políticas com amigos ou familiares
No WhatsApp, 43% pararam
de falar sobre política e 19% saíram de algum grupo.
Também neste caso, as
taxas são mais altas entre os eleitores de Lula do que entre os de Bolsonaro.
Na primeira situação, o índice entre apoiadores do ex-presidente é de 46%,
contra 38% entre apoiadores do atual presidente.
Na segunda situação, 44%
ante 35%, e na terceira, 23% ante 13%.
Embora 78% dos eleitores
tenham pelo menos um aplicativo de mensagens, só 8% participam de grupos de
apoio aos dois presidenciáveis que lideram a pesquisa, sendo 4% em grupos sobre
Lula e 4%, sobre Bolsonaro.
Nos dois lados, 13%
responderam seguir o perfil de seu candidato em outras redes sociais.
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