Após apresentação das diretrizes de seu plano de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja intensificar agenda de encontros com o empresariado.
Para aliados do ex-presidente, a redação final das diretrizes programáticas para um eventual governo Lula deixa aberto canal de diálogo ao excluir propostas como a revogação da reforma trabalhista.
Agência Brasil |
Um desses jantares está pré-agendado para
terça-feira (28).
Mantida em sigilo, a lista de convidados inclui,
por exemplo, nomes do setor financeiro, de saúde, farmacêutica e transporte
aéreo.
Dois dias antes, no domingo (26), Lula e o vice de
sua chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), participarão de jantar em um
restaurante no Itaim Bibi, zona nobre de São Paulo.
Organizado pelo Grupo Prerrogativas, o evento
contará com cerca de 130 comensais, entre eles empresários e advogados.
Como antecipou a coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, os
convites custaram de R$ 3.000 a 20 mil, destinados ao PT. O jantar, segundo
organizadores, seria uma forma de agradecimento aos apoiadores do partido.
Assim como Jair Bolsonaro (PL) e o pedetista Ciro
Gomes, Lula foi convidado para um encontro organizado pelo Grupo Esfera, que
reuniria cerca de 50 empresários.
Lula e Ciro já manifestaram interesse em
participar. Bolsonaro ainda não deu resposta.
Na segunda-feira (20), Lula se reuniu com
empresários na casa do fundador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), o
engenheiro e economista Cláudio Haddad.
À mesa, o presidente do conselho da administração
do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, o presidente da Natura, Fábio Barbosa,
e o presidente da rede Magazine Luiza, Frederico Trajano.
Antecipado pelo Globo, o rol de convidados foi confirmado pela
reportagem. Além de Lula e Alckmin, o candidato do PT ao governo de São Paulo,
Fernando Haddad, participou do evento.
No dia seguinte, no lançamento de plataforma
virtual para debate de propostas para um plano de governo, Lula mencionou o
jantar de véspera.
"E eu, com muita falta de humildade, eu dizia
[no encontro]: quem nesse país tem mais autoridade de recuperar esse país do
que o Alckmin e eu?", relatou.
Falando dele e de Alckmin, o petista acrescentou:
"Ninguém nesse país tem os partidos e movimentos sociais apoiando nem a
experiência gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Nós não
precisamos de tempo para aprender".
Para aliados do ex-presidente, a redação final das diretrizes
programáticas para um eventual governo Lula deixa aberto canal de diálogo ao
excluir propostas como a revogação da reforma trabalhista.
Outras discussões que provocaram ruídos e
apareceram na versão preliminar apresentada pelo PT aos partidos aliados no dia
6 foram excluídas ou abrandadas. É o caso da defesa dos direitos sexuais e
reprodutivos para mulheres. Lula foi alvo de críticas após dizer que o aborto
deveria ser um "direito de todo mundo".
Na redação atual, são oferecidas "políticas de
saúde integral", de forma a "fortalecer no SUS as condições para que
todas as mulheres tenham acesso à prevenção de doenças e que sejam atendidas
segundo as particularidades de cada fase de suas vidas".
Os profissionais de segurança pública, que compõem
a base eleitoral de Bolsonaro e estiveram no centro de outra polêmica
envolvendo o petista, também mereceram novo capítulo na redação final.
No dia 23 de maio, na
primeiro reunião do conselho político da campanha, Lula disse que, depois de
pronto, colocaria seu projeto debaixo do braço para apresentá-lo aos diversos
setores da economia.
Na terça-feira, no
lançamento das diretrizes, disse: "Em um programa de governo, a gente não
pode ser irresponsável de propor coisa que a gente já sabe que não vai
executar", afirmou.
CATIA SEABRA/FOLHAPRESS
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