No mesmo fim de semana em que aumentou o preço da gasolina e do óleo diesel nas refinarias, o que elevou o valor também nas bombas dos postos de combustíveis, a Petrobras repassará mais uma parcela do lucro para o governo federal.
Governo federal é o maior acionista da Petrobras.
Edifício-sede da Petrobras | Fernando Frazão / Agência Brasil |
Nesta segunda-feira (20), o governo federal
receberá R$8,8 bilhões da Petrobras. O valor é referente ao lucro estatal, que
tem a União como maior acionista.
Até julho, a empresa pagará R$32 bilhões de
dividendos ao governo federal.
Entre 2019 e 2021, a União já tinha
embolsado em dividendos outros R$ 34,4 bilhões, a valores atualizados,
segundo levantamento de Einar Rivero, da TC/Economática. Quando se somam,
ao lucro destinado à União, os impostos e os royalties, a Petrobras injetou
nos cofres federais R$ 447 bilhões de 2019 - início do governo Bolsonaro -
a março deste ano, conforme dados dos relatórios fiscais da companhia,
revelados pelo Estadão em maio.
Considerando Estados e municípios, o montante chega a R$
675 bilhões. Só o montante pago à União corresponde a aproximadamente cinco
vezes o orçamento do Auxílio Brasil previsto para este ano, em torno de R$
89 bilhões.
É consenso praticamente mundial, a necessidade de lançar mão de
políticas para mitigar os efeitos da inflação de combustíveis, choque turbinado
pela invasão da Ucrânia pela Rússia, ocorrida quando os desequilíbrios
causados pela pandemia ainda não haviam se dissipado. O Reino
Unido adotou um imposto extraordinário sobre o lucro das petroleiras.
Para Eduardo Costa Pinto, pesquisador do Instituto de Estudos
Estratégicos de Petróleo (Ineep), vinculado à Federação Única dos
Petroleiros (FUP), a Petrobras poderia definir uma nova política de preços, com
critérios técnicos de mercado, desatrelada dos custos internacionais.
Nas contas do professor do Instituto de Economia da UFRJ, se a
Petrobras tivesse praticado preços 20% mais baixos em 2021, o lucro líquido da
estatal cairia dos R$ 106,6 bilhões registrados para R$ 46,8 bilhões, já
considerando o quanto a companhia perderia ao se responsabilizar por toda a
importação de combustíveis do mercado nacional. O lucro cairia, mas a empresa
ainda ofereceria retorno para os acionistas.
"A política
atual não se baseia em preços de mercado, mas, sim, em preços máximos",
afirmou Pinto, completando que isso é resultado da combinação da política de
paridade internacional com a posição monopolista no mercado nacional.
Com informações do Terra e Estadão
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