O MPF (Ministério Público Federal) afirma haver suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas investigações referentes ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, na Operação da Polícia Federal Acesso Pago.
É o que diz uma
manifestação assinada pelo procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, que pede
o envio de parte das investigações ao STF (Supremo Tribunal Federal), segundo
documento obtido pelo UOL.
“Nesta oportunidade, o
MPF vem requerer que o auto circunstanciado nº 2/2022, bem como o arquivo de
áudio do investigado Milton Ribeiro que aponta indício de vazamento da operação
policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro nas investigações, sejam desentranhados dos autos e
remetidos, de maneira apartada e sigilosa, ao Supremo Tribunal Federal”, diz o
documento.
Ainda no pedido, Lopes
reitera para que fique registrado que há indícios de interferência na atividade
investigatória da Polícia Federal após a prisão de Ribeiro.
“Quando do tratamento
possivelmente privilegiado que recebeu o investigado Milton Ribeiro, o qual não
foi conduzido ao Distrito Federal (não havendo sido tampouco levado a qualquer
unidade penitenciária) para que pudesse ser pessoalmente interrogado pela
autoridade policial que preside o inquérito policial, apesar da farta estrutura
disponível à Polícia Federal para a locomoção de presos.”
Em resposta a Lopes, o
juiz federal Renato Coelho Borelli, que determinou a prisão do ex-ministro,
envia a investigação ao STF e cita áudios em que Milton Ribeiro supostamente
indicaria uma interferência de uma autoridade com foro no STF, como o
presidente da República.
Em uma das interceptações
telefônicas citadas pelo juiz, Ribeiro diz que “ele” —sem citar a identidade—
achava que haveria operação da PF de busca e apreensão na casa dele. O despacho
de Borelli não identifica o interlocutor do ex-ministro —diz apenas que se
trata de uma conversa com um parente de Ribeiro— tampouco a data em que o
telefonema ocorreu.
De acordo com
transcrição divulgada pela GloboNews e obtida pelo UOL, a conversa de Milton
Ribeiro se deu com a filha. O ex-ministro diz que recebeu informações de Jair
Bolsonaro sobre uma possível operação:
O UOL procurou o Palácio
do Planalto. Os esclarecimentos serão publicados quando forem recebidos.
Para ele, tudo indica
que há motivos para anular ao menos parte das decisões da operação. “Causa
espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo
autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação”,
afirmou. “Se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são
nulos por absoluta incompetência”, disse.
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