Entre os dias 1º de janeiro e 4 de maio deste ano, 31 casos suspeitos de sarampo foram notificados no Ceará, informou a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). O número já corresponde a 67% de todas as notificações registradas no Estado entre janeiro e novembro de 2021, período de consolidação do último boletim epidemiológico divulgado pela pasta. Os dados foram levantados pelo Grupo Técnico das Doenças Imunopreveníveis, da Sesa.
Vacinação é a principal estratégia para barrar a reintrodução do sarampo no Ceará. Aplicação das doses em crianças foram antecipadas no Estado. (foto: Fernanda Barros / O POVO)
Dentre os casos suspeitos contabilizados em 2022, 20 foram descartados
através de exames laboratoriais e os outros 11 estão sob investigação. De
acordo com a Sesa, o diagnóstico ocorre após o processamento de duas amostras
biológicas de cada paciente no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Os
municípios com casos ainda em investigação são: Fortaleza (2), Maranguape (1),
Morada Nova (1), Cascavel (1), Itarema (2), Amontada (1), São Gonçalo do
Amarante (1) e Itaitinga (2).
Em 2021, segundo a Sesa, o Ceará teve três casos confirmados de sarampo,
depois de ter completado mais de um ano sem nenhum registro da doença. Os
diagnósticos da infecção voltaram a ser registrados no Estado após o Brasil
perder a certificação de país livre do sarampo, em 2018. Com a reintrodução da
doença, em 2019 o Ceará registrou 19 confirmações. Já em 2020, o número caiu
para três, com o último caso registrado em abril.
O surto mais recente de sarampo no Ceará ocorreu entre 2013 e 2015,
período em que 1.052 pessoas foram acometidas pela doença em ao menos 38
municípios. Segundo estudo divulgado pela Sesa, todos os casos confirmados
neste intervalo evoluíram para cura clínica e 77% dos pacientes desenvolveram
apenas sintomas leves. A quebra da cadeia de transmissão do vírus no Estado
ocorreu em 2016, após mais de 12 meses sem novos registros.
Já entre 2017 e 2018, o Estado manteve tendência de eliminação da
doença, sem nenhum caso confirmado. Embora não haja registro de caso confirmado
neste ano, a Sesa alerta que o Ceará tem pelo menos 101 dos 184 municípios com
risco alto ou muito alto de reintrodução do sarampo. Em outras 56 cidades, a
prevalência é de risco médio, enquanto em 27 o risco é considerado baixo.
A Capital, Fortaleza, e o maior município do Interior, Juazeiro do Norte, estão no grupo dos 21 municípios com maior grau de possibilidades de reincidência da doença. Também fazem parte da lista Caucaia, Tianguá, São Benedito, Sobral, Crateús, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Guaiuba, Pacajus, Aquiraz, Eusébio, Baturité, Fortim, Aracati, Russas, Iguatu, Crato e Barbalha.
As equipes de saúde dos municípios são responsáveis pela
identificação e controle dos casos suspeitos. O protocolo de investigação, que
começa em até 72 horas após a notificação do registro, inclui o monitoramento
de familiares e pessoas que tiveram algum contato com o paciente, além da
vacinação de bloqueio aos que não apresentarem sintomas para interromper a
disseminação do vírus causador da doença.
Vacinação antecipada
A principal estratégia para barrar a reintrodução do sarampo é a
imunização. Por isso, a Sesa e as Prefeituras cearenses decidiram antecipar
para o último dia 20 de abril a vacinação contra influenza e sarampo em
crianças a partir de seis meses e menores de cinco anos de idade. Pelo
calendário anterior, as doses só estariam disponíveis para esta faixa a partir
do dia 2 de maio.
A Sesa justificou que a decisão foi tomada considerando dois fatores
principais: os riscos da volta da circulação do sarampo no Brasil e a
sazonalidade do período chuvoso no Estado, que tem ocasionado um crescimento no
número de atendimentos pediátricos por síndromes gripais nas unidades de saúde
do Ceará, principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza e no Cariri.
A campanha de vacinação contra sarampo e influenza foi iniciada no dia 4
de abril, com oferta de doses para profissionais da Saúde, que recebem
aplicações para ambas as doenças, e pessoas acima de 60 anos, que são vacinadas
contra a gripe. A imunização segue até o dia 3 de junho nas Unidades Básicas de
Saúde (UBSs) de cada município.
Sintomas
Os
principais sinais de surgimento do sarampo são o aparecimento de manchas
vermelhas e borbulhas na pele, acompanhadas de febre, tosse, mal-estar e
irritação nos olhos e nariz. O diagnóstico laboratorial ocorre por meio de
exame sorológico, realizado a partir de amostra de sangue.
De
acordo com a Doutora em Biotecnologia em Saúde, Izabel Cavalcante, não existe
tratamento específico para a doença. “Cada caso deve ser acompanhado por um médico.
Somente esse profissional da saúde pode prescrever a medicação adequada para
cada paciente”, ressaltou.
A
médica ainda alerta para o alto potencial de transmissibilidade da doença,
fator que pode ocasionar rápida disseminação comunitária. “É uma das doenças
mais contagiosas que existe e está presente em vários países do mundo. É
preciso que fiquemos muito atentos para evitar surtos”, acrescentou.
O Povo.
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