O PSOL protocolou uma representação no Conselho de Ética da Câmara em que pede a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) devido a uma publicação no Twitter em que o parlamentar ironiza a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, durante a ditadura militar.
Segundo o partido que entrou com a ação, o filho do presidente agiu de forma machista e misógena contra a jornalista.
Parlamentar ironizou as torturas sofridas pela jornalista | (crédito: Divulgação). |
O PC do B também entrará com uma representação
contra o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo mesmo episódio.
No domingo (3), Eduardo publicou nas redes sociais
a imagem da última coluna da jornalista e escreveu: "Ainda com pena da
[emoji de cobra]".
Diversos políticos de diferentes espectros
políticos divulgaram mensagens de solidariedade à Míriam Leitão e, agora, os
partidos decidiram pedir a cassação do mandato do deputado.
O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) afirma que é
necessário a Câmara punir o parlamentar "por respeito à democracia, à
sociedade e às mulheres".
"A publicação é repugnante. Se isso não é
quebra de decoro, o que será?", argumenta. E completa: "A leniência
da Câmara em outros tempos normalizou barbaridades como o elogio a
tortura", diz.
A líder do PSOL na Casa, deputada Sâmia Bomfim
(PSOL-SP), classifica o conteúdo postado por Eduardo como "desumano"
e afirma que ele precisa ser penalizado.
"A jornalista estava grávida quando militares
a colocaram numa sala escura junto com uma cobra jiboia para amedrontá-la.
Quando ele faz piada com essa situação, reafirma, mais uma vez, que é um
criminoso inimigo da democracia", afirma.
Na representação, o PSOL diz que Eduardo
"abusou, de forma machista e misógina, de suas prerrogativas
parlamentares". "O representado atentou contra a Constituição ao
fazer uma apologia direta da tortura", afirma a peça.
O deboche do deputado
se originou após a jornalista compartilhar seu texto na rede social. Junto com
o artigo, Míriam escreveu: "Qual é o erro da terceira via? É tratar Lula e
Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia. Coluna de
domingo".
A defesa de situações como a que passou Míriam
Leitão, porém, não é novidade na família Bolsonaro. Desde a época em que era
deputado, seu pai e atual presidente da República costuma defender a ditadura
militar.
Inclusive, o chefe do Executivo já prestou
homenagens a Carlos Brilhante Ustra, que chegou a ser condenado na Justiça
brasileira em uma ação sobre sequestro e tortura durante o regime militar.
A jornalista é alvo recorrente de
bolsonaristas. No começo deste ano, em entrevista à rádio Jovem Pan, o
presidente afirmou que a jornalista deveria trabalhar melhor. Ele ainda disse
que se ela fosse boa teria sido lembrada para trabalhar no governo.
FOLHAPRESS
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