Odólar comercial registrou forte alta acima de 4% frente ao real na retomada dos negócios no mercado local nesta sexta-feira (22) após o feriado de Tiradentes na quinta (21). Em alta de mais de 2% desde a manhã, a divisa dos Estados Estados Unidos passou a registrar valorização superior a 3% por volta do meio-dia.
Em alta de mais de 2% desde a manhã, a divisa dos Estados Estados Unidos passou a registrar valorização superior a 3% por volta do meio-dia.
O dólar comercial registrou forte alta acima de 4% frente ao real na retomada dos negócios no mercado local nesta sexta-feira (22) | Valter Campanato/Agência Brasi
Ao longo da tarde, a alta se intensificou ainda
mais. No fechamento da sessão, a divisa dos Estados Unidos marcava alta de
4,04%, a R$ 4,8060 para venda. Foi o maior aumento em um pregão desde 16 de
março de 2020, quando a eclosão da pandemia fez o dólar saltar 4,5%.Além do
cenário macroeconômico global, a contínua escalada no câmbio também foi
resultado do acionamento de uma série de ordens de contenção de perdas
(stop-loss) por operadores. Na máxima do dia nesta sexta, a divisa chegou a
subir cerca de 4,75%, a R$ 4,839.
O movimento perdeu um
pouco da força após o BC (Banco Central) vender US$ 571 milhões no mercado à
vista de câmbio durante a tarde, na primeira operação do tipo neste ano. A
Bolsa de Valores local, que também permaneceu fechada na véspera, viu o índice
de ações Ibovespa recuar 2,86%, aos 111.077 pontos, na maior queda desde o
final de novembro de 2021. Na semana, a queda foi de 4,4%, a maior desde
outubro do ano passado.
A maior aversão ao risco, já observada nos mercados
globais na véspera, vem após sinalizações do Federal Reserve (Fed, o banco
central norte-americano) sobre a possibilidade de uma postura mais agressiva no
processo de alta dos juros para combater a inflação. O presidente do Fed,
Jerome Powell, disse na quinta que um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa
de juros estará "na mesa" quando o BC americano se reunir em 3 e 4 de
maio para aprovar a próxima alta deste ano. Powell também sinalizou que poderá
ser necessária uma série de aumentos de meio ponto, num conjunto agressivo de
ações do Fed.
"A visão de que
o Fed deve apertar o passo passou a ser amplamente aceita. Com isso, o mercado
já precifica pelo menos três altas de meio ponto nas próximas reuniões",
dizem os analistas da XP, em relatório. No mercado acionário dos Estados Unidos,
que já fechou com quedas expressivas no pregão passado, o índice S&P 500
teve perdas de 2,77%, enquanto o Nasdaq cedeu 2,55% e o Dow Jones, 2,82%. Foi a
maior queda diária do Dow Jones desde 28 de outubro de 2020, quando caiu
3,4%.Na Europa, o dia foi igualmente de perdas intensas para as principais
Bolsas da região -o FTSE-100, de Londres, recuou 1,39%, e o CAC-40, de Paris,
registrou desvalorização de 1,99%. O DAX, de Frankfurt, cedeu 2,48%.
Na Ásia, as ações chinesas registraram sua maior
queda semanal em seis semanas nesta sexta, com a retomada das medidas de
isolamento para conter um novo avanço da Covid-19 paralisando a atividade
econômica em grandes cidades. Autoridades de Xangai dobraram sua ofensiva
contra o vírus, lançando outra rodada de testagem em toda a cidade e alertando
os moradores de que o lockdown de três semanas só será suspenso em fases quando
a transmissão for eliminada.
"Enquanto resultados corporativos
predominantemente positivos têm contribuído para impedir quedas mais duras dos
índices americanos, a maior probabilidade de um Fed mais agressivo no combate à
inflação e, consequentemente, de um juro americano acima do patamar neutro em
2022, continua pesando sobre o sentimento de investidores", apontam os
analistas da Guide. Indicações sobre os próximos passos da política
monetária no Brasil também entraram no radar dos investidores.
Em apresentação em
reuniões com investidores organizadas pelo Bank of America e pela XP
Investimentos nesta sexta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que
o Copom (Comitê de Política Monetária) estará pronto para ajustar o tamanho de
seu ciclo de aperto no caso de choques inflacionários maiores ou mais
persistentes do que o esperado.
Campos Neto disse que o Copom "avalia que o
momento exige serenidade para avaliar o tamanho e a duração dos choques
atuais", e que "persistirá em sua estratégia até que o processo de
desinflação e a ancoragem das expectativas em torno de suas metas se
consolide".No cenário local, pesaram adicionalmente os riscos que vêm de Brasília.
Entre as maiores perdas do dia, as ações da
Eletrobras tiveram queda na casa dos 4%, com dúvidas a respeito do sucesso da
privatização ainda neste ano após o pedido do TCU (Tribunal de Contas da União)
para analisar por mais 20 dias a privatização da estatal. O ministro de Minas e
Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta sexta que a previsão é realizar a
privatização até julho deste ano.
Além disso,
segue no radar dos agentes possíveis desdobramentos sobre o embate entre o
presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Judiciário, após o chefe do Executivo
conceder o perdão da pena ao deputado Daniel Silveira, condenado pela corte a 8
anos e 9 meses de prisão. "Em tese, tal decisão anula a condenação e a
pena impostas pelo STF ao parlamentar pelos "crimes contra a
democracia". Agora é saber como deve responder o STF", diz Pedro
Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management.
( Folhapress )
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