O Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher é lembrado nesta quinta-feira (25). A data reforça a importância do cuidado às mulheres vítimas de violência – seja ela física, sexual, patrimonial, moral ou psicológica. Na Rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), dois hospitais no Interior realizam atendimento deste público. O Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, é referência para atendimento de vítimas de violência sexual, enquanto o Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, acolhe mulheres que sofreram violência física. As unidades são administradas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Mulheres e crianças menores de 14 anos vítimas de violência sexual no
Norte cearense contam com um serviço de referência no HRN que funciona 24
horas, todos os dias da semana. O acesso ocorre pelas Emergências Adulto e
Pediátrica, reguladas via Central Estadual de Regulação do Sistema Único de
Saúde (SUS) e diretamente pela porta do Centro de Apoio à Saúde Reprodutiva da
Mulher (CASRM) do hospital, na Avenida John Sanford. Desde 2015, já foram
atendidas 62 vítimas de violência sexual – destas, sete foram neste ano.
As pacientes recebem assistência psicológica e social, correção de
possíveis traumatismos genitais, contracepção de emergência e medicamentos para
prevenção de infecções por HIV, outras doenças sexualmente transmissíveis e
hepatites. Todos os atendimentos são realizados no equipamento de forma
integrada. Pacientes do sexo feminino com menos de 14 anos são acompanhadas na
Pediatria e têm interconsulta com um ginecologista.
O atendimento à vítima de violência sexual precisa ser realizado o mais
rápido possível, segundo a coordenadora médica da Obstetrícia da unidade,
Eveline Valeriano Moura Linhares.
“Quem for vítima de violência sexual, deve procurar o atendimento o mais
breve possível. Quando esse atendimento é feito em até 72 horas, alguns
medicamentos podem ter um melhor potencial de ação, evitando uma gravidez
indesejada e doenças sexualmente transmissíveis”, avalia a obstetra.
O HRN conta com um protocolo de atendimento e um fluxo de acesso das
pacientes para “dar agilidade ao atendimento, preservando a autonomia e
privacidade, promovendo segurança e apoio, reduzindo os traumas de intervenção
e a vitimização secundária”, destaca Linhares. Após a alta, as pacientes são
encaminhadas para o Centro de referência em Infectologia de Sobral (Cris), para
seguimento.
Nesta quinta-feira (25), uma ação será realizada para discutir formas de
prevenção e cuidado da paciente vítima de violência sexual. A iniciativa
passará nos diversos setores que acolhem pacientes neste perfil: Emergências
Adulto e Pediátrica, Recepção, Transporte, Laboratório e Farmácia. “Queremos
que todos os envolvidos nessa assistência procurem ser discretos e que possam
acolher essa paciente”, orienta a médica.
Hospital Regional do Cariri
No HRC, unidade referência em trauma na região, mulheres vítimas de
agressões físicas buscam atendimento por meio da Emergência do hospital. No ano
passado, foram 17 atendimentos a este público. Neste ano, até o dia 23 de
novembro, já foram 24 casos, o que representa um aumento de 41%. O número é
considerado alto, visto que as vítimas precisaram de atendimento médico
hospitalar de emergência após as agressões.
Segundo Amanda Leite, coordenadora do Serviço Social do HRC, os
trabalhadores de saúde têm um olhar sensível para reconhecer quando a lesão não
é compatível com o relato da vítima e, nesses casos, é feita uma investigação
por meio de entrevista para tentar descobrir se realmente a mulher sofreu
agressão, mesmo que ela omita a informação.
“A violência contra a mulher muitas vezes é invisibilizada por estar
atrelada a fatores culturais, principalmente aqui na nossa região, o que
dificulta a denúncia e torna a mulher agredida ainda mais vulnerável”, observa
Leite.
Por isso, a notificação compulsória, embasada por lei, é tão importante.
A coordenadora destaca que o número de atendimentos na unidade preocupa, porque
“nós temos 24 mulheres que precisaram de atendimento médico, mas nós não
sabemos de fato quantas foram agredidas, quantas precisaram de atendimento e
não tiveram, ou que continuam vivendo em um ambiente de violência”.
Serviço
Foto: © Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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