Em carta aberta, ex-ministros da Educação criticaram a gestão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e afirmaram que o Enem está sob ameaça. Eles apontam que a instituição vive uma crise aguda e reiteraram preocupação em relação ao futuro do exame.
Aloizio Mercadante, Fernando Haddad, Tarso Genro, Mendonça Filho, Rossieli Soares e Renato Janine Ribeiro assinam a carta (Foto: Reprodução/Facebook)
O
Enem 2021 tem sido alvo de críticas e desconfianças por parte de parlamentares
e instituições. A debandada coletiva de servidores do Inep — foram 37 pedidos
de exoneração em protesto contra o presidente do órgão, Danilo Dupas — gerou um
clima de insegurança em educadores e alunos a respeito da realização do exame.
“Nos
quase 85 anos de existência jamais vimos na instituição uma crise tão profunda,
ainda mais às portas da realização do mais importante instrumento de acesso ao
ensino superior, que é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”, diz um trecho
do documento.
A
carta assinada pelos ex-ministros da Educação Tarso Genro; Fernando Haddad;
Aloizio Mercadante; Renato Janine Ribeiro; Mendonça Filho; e Rossieli Soares.
“Lamentamos tomar conhecimento de relatos de assédio e interferência política
veiculados na mídia, decorrentes da atuação do quinto presidente do Instituto
nos últimos três anos e sua equipe”.
"Diante
do exposto, defendemos a adoção de medidas definitivas e estruturantes para
solucionar os problemas crônicos enfrentados pela Autarquia nesta gestão e a
grave crise do momento atual", finalizaram os ex-ministros.
Leia a carta na íntegra
A
grave crise do Inep
O
Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira),
o mais importante produtor de evidências sobre a educação brasileira, está sob
ameaça.
Nos
quase 85 anos de existência jamais vimos na instituição uma crise tão profunda,
ainda mais às portas da realização do mais importante instrumento de acesso ao
ensino superior, que é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Quando
o Inep é ameaçado, perde-se o efeito de "Estado", nas políticas
educacionais, e fica-se apenas em questões superficiais, como as interferências
ideológicas opostas ao caráter técnico. Com as evidências é que surgem
políticas educacionais para quem importa: os estudantes.
O
Inep consolidou-se como uma instituição respeitada nacional e
internacionalmente, com uma reputação construída em decorrência da qualidade e
confiabilidade das informações educacionais que produz, sistematiza e
publiciza, ao longo da sua história. É uma Autarquia que exerce funções
próprias de órgãos de Estado.
Para
o bem da sociedade brasileira, o Inep precisa não só ser preservado e
fortalecido, mas também obter sua autonomia e independência técnica em relação
ao Governo Federal. E a maior prova é o momento de ataque que a instituição
passa no momento.
Qualquer
interferência sobre as decisões de ordem técnica relativas às ações
institucionais do Inep tem potencial de afetar milhões de cidadãos brasileiros
e a atuação de gestores educacionais das esferas pública e privada, além de
macular a própria reputação da Autarquia.
Lamentamos
tomar conhecimento de relatos de assédio e interferência política veiculados na
mídia, decorrentes da atuação do quinto presidente do Instituto nos últimos
três anos e sua equipe.
A
crise institucional do Inep parece ter se tornado insustentável ao nos
depararmos com 37 servidores pedindo desligamento de cargos ocupados na gestão
operacional de ações estratégicas do Instituto. A resposta do Governo Federal
causa estranheza, pois alega-se motivação financeira, sindical e ideológica.
Independentemente
das apurações dos casos graves, entendemos como insustentável a permanência de
uma gestão que levou o clima institucional a esse ponto, e que coloca os
servidores como os responsáveis pela crise atualmente configurada. Nessa
perspectiva, manifestamos nosso apoio ao qualificado quadro de servidores
efetivos do Inep.
Diante
do exposto, defendemos a adoção de medidas definitivas e estruturantes para
solucionar os problemas crônicos enfrentados pela Autarquia nesta gestão e a
grave crise do momento atual."
Carta
assinada pelos ex-ministros da Educação (em ordem cronológica)
Tarso
Genro
Fernando
Haddad
Aloizio
Mercadante
Renato
Janine Ribeiro
Mendonça
Filho
Rossieli
Soares
Com
informações portal Correio Braziliense
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