O Ceará registrou uma queda de 93,3% nas mortes diárias por Covid-19 entre os dias 6 de junho e 6 de julho de 2021. O estado contabilizou 60 óbitos por coronavírus há um mês, enquanto quatro falecimentos foram anotados nesta terça-feira (6). Contudo, a epidemiologista Caroline Florêncio alerta para os cuidados com a terceira onda.
Os dados do
IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), apontam que, ao
todo, o estado já atingiu 22.849 mortes desde o começo da pandemia, até esta
quarta-feira (7); mas o gráfico (veja abaixo) mostra a queda dos números de
mortes, principalmente a partir do fim de maio.
Apesar da diminuição, Caroline não avalia o cenário com tranquilidade. “A
possibilidade de uma terceira onda não pode ser anulada; tanto por variantes
internacionais, como por variantes autóctones, ou seja, brasileiras. É algo
muito frágil a gente lidar com os indicadores, achar que está tudo bem porque
está tudo caindo, quando de repente, somos surpreendidos com uma nova
variante”, destaca ela, que é doutora em Saúde Coletiva, pela Universidade
Federal do Ceará (UFC).
Para Caroline,
inclusive, a redução expressiva das mortes faz parte de um movimento já
esperado, e ela aponta os motivos. “O primeiro deles é a redução da quantidade
de pessoas doentes. A gente teve uma explosão do número de casos que culminou
no mês de abril [de 2021], então sempre a gente vai ter o acompanhamento
proporcional do número de pacientes hospitalizados com os óbitos. A partir do
momento que temos uma redução expressiva dos casos, os óbitos também vão cair”,
reforça a epidemiologista.
Conforme o
IntegraSUS, o número de casos confirmados de Covid-19 também teve redução
expressiva dentro do mesmo intervalo de tempo (6 de junho a 6 de julho). Os
registros caíram de 1.960, no mês passado, para 19 casos nesta terça.
“Isso tudo aconteceu de forma concomitante; tanto teve um pico de
atividade da pandemia em abril, que naturalmente ia acontecer, porque a gente já
espera isso em um período de alta transmissibilidade, um vírus respiratório,
que está produzindo variantes muito rápido; então, tem um momento que ele
satura. A quantidade de pessoas infectadas foi tão grande que naturalmente ele
não consegue mais encontrar vulneráveis, e começa a cair [os números]”,
complementa a especialista, que faz parte do Departamento de Saúde Comunitária
da UFC.
Importância da
vacinação
Caroline explica
ainda que, junto aos outros fatores, o início da vacinação contra a Covid-19 pesa
na diminuição, especialmente para os públicos mais vulneráveis ao vírus. “Uma
parcela cada vez maior da população está recebendo a vacina, principalmente
aquela que já tinha os fatores de risco. O pensamento da estratégia era
justamente reduzir a mortalidade por covid”, complementa a epidemiologista.
Até o último dia 6, o
Ceará aplicou 4.653.534 doses dos imunizantes utilizados no estado: CoronaVac,
Oxford/Astrazeneca, Pfizer/BioNTech e Janssen. Destas, 3.435.036 foram para a
primeira dose; 1.155.023 para a segunda; e 63.475 foram da vacina de dose
única.
Porém, a especialista
reforça que a importância da vacinação se torna ainda maior para o futuro. “A
gente vai ver o efeito da vacinação em uma possível terceira onda. A gente sabe
que aqui no estado ainda não foi notificada a variante delta, mas ela se
encontra em território brasileiro”, revela Caroline.
“Ela [a vacinação] é
o ponto principal. Eu não vejo mais, no comportamento do brasileiro, não
consigo ver outra saída que não seja a vacinação. O brasileiro tem uma recusa
muito grande em atender as medidas sanitárias e ainda existe a politização
dessa situação. E a vacinação em massa com, no mínimo, 80% da população
vacinada, é a forma mais eficaz”, finaliza a epidemiologista.
Foto: Camila Lima/SVM
Fonte: Portal G1 CE
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