Nesta sexta-feira (02), o presidente Jair Bolsonaro declarou não ter obrigação de provar “nada para ninguém”, por mais que já tenha afirmado, em ocasiões anteriores, que divulgaria evidências comprovando que o último processo eleitoral para a Presidência da República foi fraudulento e que ele deveria ter ganhado no primeiro turno.
Bolsonaro disse não ter obrigação de provar "nada para ninguém" e afirmou que fará demonstração pública com hackers invadindo urnas eletrônicas.
Sem se importar com a determinação do TSE, Bolsonaro ainda declarou que só apresenta as provas “se quiser” | Marcelo Camargo/Agência Brasil
No entanto, expira na segunda-feira o prazo para que Bolsonaro apresente
provas das declarações dele sobre as supostas fraudes nas eleições de 2018 ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , mas o chefe do Executivo já ameaçou
não dar satisfação alguma à Corte.
Sem se importar com a determinação do TSE, Bolsonaro ainda declarou que
só apresenta as provas “se quiser”. Ele também prometeu se reunir com hackers
para demonstrar falhas no sistema que o elegeu ao Palácio do Planalto.
“Eu pretendo, já fizemos contato com as pessoas que entendem do assunto,
são hackers, para fazer uma demonstração pública. Lógico que a televisão não
vai mostrar, eu vou fazer uma live. A tevê tem interesse em qualquer candidato,
menos em mim. Eu acabei com a teta deles, pô. Era um dinheiro público de fazer
pena”, disparou.
Bolsonaro tem sido o principal defensor da implementação de um modelo de
votação em que os brasileiros possam certificar que a urna eletrônica registrou
corretamente as suas escolhas, com a impressão de um comprovante logo após o
eleitor finalizar o voto. A proposta está em discussão na Câmara dos Deputados
e, segundo o presidente, isso é necessário porque a urna eletrônica tem sido
“aperfeiçoada para o mal”.
A cúpula do TSE, contudo, tem feito reiteradas críticas ao projeto, em
especial o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, para o qual uma
mudança nesse sentido seria um retrocesso e poderia comprometer a segurança das
eleições. Insatisfeito com a postura do magistrado, o chefe do Executivo
induziu que Barroso está agindo a mando de terceiros.
“Eu não entendo o ministro Barroso ser um ferrenho opositor ao voto
auditável. Nós queremos a transparência. Agora, não sei o que tem na cabeça
dele, ou se ele é refém de alguém para estar nessa campanha, interferindo dentro
do Parlamento, se reunindo com lideranças e falando seus argumentos contra o
voto aditável”, protestou. “Agora, se não passar, ele vai ter de inventar uma
forma de tornar transparentes as apurações. Senão, eles vão ter problemas. Não
é a minha vida. Mas se trata de algo mais importante, que é a nossa liberdade.”
Comissão
Ainda na segunda-feira, o plenário da comissão especial da Câmara que
analisa a proposta de emenda à Constituição (PEC) elaborada pela deputada Bia
Kicis (PSL-DF) para estabelecer o voto impresso deve começar a votação do
relatório elaborado pelo deputado Filipe Barros (PSL-PR) sobre a matéria. O
parecer do parlamentar é favorável à PEC.
As chances de o texto do relator ser aprovado, contudo, são pequenas.
Nesta semana, 11 partidos com representação no colegiado (PSDB, MDB, PP, DEM,
Solidariedade, PL, PSL, Cidadania, Republicanos, PSD e Avante), que reprovam
qualquer alteração no sistema eleitoral do país, decidiram trocar os deputados
que participavam da comissão e eram a favor da implementação do voto impresso.
“Hoje, temos um sistema de votação confiável, com sua segurança atestada
inúmeras vezes e que deve ser defendido. O fato é que os ataques e tentativas
de descredibilização do modelo atual partem justamente daqueles que deveriam
ser os primeiros a defendê-lo, por já terem se beneficiado, no passado recente,
dos resultados apurados por esse mesmo sistema”, ponderou o deputado Rodrigo de
Castro (PSDB-MG), líder da sigla na Câmara.
Se o relatório de Filipe Barros não passar na comissão, o presidente do
colegiado, Paulo Martins (PSC-PR), escolherá outro relator para formular um
novo parecer que represente a posição da maioria. Os dois deputados já admitem
que, da forma como está, o texto dificilmente será aceito pelos demais
parlamentares, por isso, há a expectativa de que Barros apresente algumas
modificações ao parecer para não ver a sua análise rejeitada.
Correio Braziliense
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