O gasto com a conta de energia elétrica tem comprometido, cada vez mais, a renda mensal dos brasileiros. Os constantes aumentos têm causado sérios transtornos para a população.
O aumento é explicado pelo reajuste de 52% no custa da bandeira verlha 2, passando de R$ 6,24 para R$ 9,49 para cada 100 kwh.
E a situação pode ficar ainda mais complicada, pois a diretoria da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, hoje (29), em Brasília, o
índice de reajuste do valor da bandeira tarifária a ser pago pelos consumidores
na conta de luz a partir de julho.
Com isso, o custo da bandeira vermelha 2, o mais alto do sistema,
aumenta de R$ 6,24 para R$ 9,49 para cada 100 kwh (quilowatt-hora) consumidos –
um reajuste de 52% sobre o valor que já vinha sendo cobrado desde junho e que a
agência prevê que siga em vigor até pelo menos novembro, devido ao baixo índice
de chuvas em boa parte do país e a consequente queda do nível dos reservatórios
hídricos.
O índice de reajuste aprovado foi defendido pelo diretor-geral da Aneel,
André Pepitone, para quem o nível de reajuste das tarifas não configura um
aumento imprevisto para os consumidores.
“A questão da bandeira é, acima de tudo, uma ferramenta de
transparência, pois, sinaliza, mês a mês, as condições de geração [energética]
no país. [Condições estas] que refletem os custos cobrados. Não existe,
portanto, um novo custo. É um sinal de preços que mostra ao consumidor o custo
real da geração no momento em que ela ocorre. Dando, inclusive, oportunidade do
consumidor de se preparar e adaptar o seu consumo, fazendo um uso mais
consciente da energia”, disse Pepitone, afirmando que o país enfrenta uma
“crise hídrica que se reflete no setor elétrico”, obrigando o acionamento de
usinas térmicas, mais caras.
Participação pública
Por sugestão do diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto, a Aneel ainda
vai discutir a realização de uma audiência pública para, nas palavras de Neto,
“trazer à luz o cenário que estamos vivenciando”. Segundo ele, simulações
técnicas demonstram que o país está em meio a um “cenário hidrológico excepcional”
que exige “um tratamento extraordinário das bandeiras tarifárias” a fim de
evitar prejuízos ao sistema.
“Há grande probabilidade de termos, no segundo semestre, cenários mais
críticos do que o histórico até aqui conhecido”, declarou Neto, admitindo que,
para zerar o risco de déficit projetado, seria necessário elevar ainda mais o
valor do patamar 2 da bandeira vermelha.
“Mantido o nível de cobertura da bandeira vermelha, patamar 2, é
bastante provável que haja déficit de arrecadação, ou seja, que os custos
superem as receitas geradas pelo mecanismo”, acrescentou. “Se nada for feito e
a bandeira permanecer com os resultados da metodologia [aplicada nos estudos],
teríamos, de julho a dezembro, um déficit de aproximadamente de R$ 5 bilhões na
conta-bandeira, com uma probabilidade acima de 78% de ser, de fato, acima de R$
2 bilhões.”
De acordo com o diretor-geral da agência, André Pepitone, em abril o
déficit chegava a R$ 1,5 bilhões. “Em boa parte do ano de 2020, houve um
superavit de R$ 1,5 bi. Isto se degradou a partir de setembro/outubro, quando
este superavit virou déficit”, comentou Pepitone, prevendo que o déficit tende
a aumentar a partir de julho.
Agência Brasil.
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