A escolha da quarta-feira (2) e da faixa das 20h30 para o 14º pronunciamento em cadeia de rádio e TV de Jair Bolsonaro não foi ao acaso.
Estratégia de driblar o telejornal do canal ‘inimigo’ funcionou, mas a emissora do clã Marinho fez contra-ataque.
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República/Divulgação (Fotomontagem: Blog Sala de TV)
Desta vez, os âncora do ‘JN’, William Bonner e
Renata Vasconcellos, não puderam noticiar o panelaço contra Bolsonaro
Desta vez, os âncora do ‘JN’, William Bonner e
Renata Vasconcellos, não puderam noticiar o panelaço contra Bolsonaro
É o dia da semana em que o ‘Jornal Nacional’ começa
mais cedo (às 20h) e termina antes do habitual (justamente às 20h30) por conta
da transmissão do futebol.
Com isso, o principal telejornal da Globo — visto
por cerca de 50 milhões de brasileiros nos quatro cantos do País — ficou
impedido de repercutir o inevitável panelaço contra o presidente.
Dito e feito. Bolsonaro falou por 5 minutos e os
protestos fizeram muito barulho, como nas aparições anteriores do chefe do
Executivo em transmissões obrigatórias na TV.
Nessas ocasiões, o ‘JN’ sempre exibiu imagens das
manifestações com panelas em várias cidades, a partir de vídeos postados em
redes sociais.
Desta vez, a estratégia de impedir a repercussão
deu certo. Ou quase. Às 20h59, 24 minutos após o presidente sair do ar, a
emissora fez uma chamada inusual do ‘Jornal da Globo’.
A âncora Renata Lo Prete informou a respeito dos
panelaços. Imagens foram geradas. Ela anunciou a cobertura completa dos
protestos na edição que começaria depois da faixa esportiva.
De acordo com dados prévios, o pronunciamento de
Bolsonaro marcou 21 pontos de média na Globo. Este índice representa 4,3
milhões de telespectadores somente na região metropolitana de São Paulo.
Quando Renata Lo Prete destacou o panelaço ao
surgir no intervalo do capítulo da novela ‘Império’, o canal chamado de
“inimigo” pelo presidente havia conquistado mais 2 pontos no ranking da Kantar
Ibope.
Curiosidade: na estatal TV Brasil, que chegou a ser
ameaçada de extinção por Bolsonaro em razão de ser vista como “a TV do Lula”, o
pronunciamento presidencial ficou com 0.3 ponto de audiência, ou seja, 60 mil
pessoas sintonizadas na Grande SP. A Globo teve 71 vezes mais público.
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