A força da água gera energia elétrica e faz das hidrelétricas um dos modais de geração um dos mais usados no mundo, sobretudo no Brasil, país detentor de grandes áreas de rios com condições adequadas para a construção das gigantes, contudo, sem água, não se tem energia.
Falta de investimentos também refletem no aumento do valor da energia elétrica que chega até o consumidor.
Reservatório de água está baixo. | Reprodução
Em 2015, o Brasil viveu a pior seca da história. Os
reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste tiveram o
menor nível de chuva e o consumidor foi quem pagou a conta.
Se este período fui ruim, 2021 promete ser pior. E
se a seca persistir até o próximo verão, existem riscos reais de que a oferta
de energia se torne gargalo à retomada econômica. Em 2020, já existia o risco
de racionamento, mas devido a pandemia, a situação não foi para frente.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)
autorizou na semana passado o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a
utilizar todos os recursos disponíveis para poupar água nos reservatórios das
hidrelétricas, "sem limitação nos montantes e preços associados".
O presidente Jair Bolsonaro avisou na segunda-feira
(10), aos apoiadores que o problema é sério e vai dar "dor de
cabeça". "Só avisando, a maior crise que se tem notícia hoje. Demos
mais um azar, né? E a chuva geralmente (cai) até março, agora já está na fase
que não tem chuva."
Desde 2015, a Aneel parte dos custos das térmicas
são cobradas mensalmente nas tarifas de bandeiramento sobre a conta de luz. Em
maio, já com as perspectivas negativas para o ano, foi acionada a bandeira
vermelha nível 1, que acrescenta R$ 4,17 para cada 100 kWh consumidos.
Considerados a principal caixa d'água do setor
elétrico brasileiro, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste
fecharam esta segunda com 33,7% de sua capacidade de armazenamento de energia.
No dia 10 de maio de 2015, eram 34,6%. Naquele
período, a taxa extra na conta de luz vigorou por 14 meses consecutivos, entre
janeiro de 2015 e fevereiro de 2016.
"Este ano vai ser um ano de bandeira
vermelha", diz Alexei Vivan, presidente da ABCE (Associação Brasileira de
Companhias de Energia) e especialista em energia do escritório CTA Advogados.
"É uma confluência negativa para o consumidor, já prejudicado pela
pandemia."
"A gente sabe que vai ter um aumento de preços
e tarifas", diz Mario Menel, da Abiape (Associação Brasileira dos
Autoprodutores de Energia). "A perspectiva é ficarmos por muitos meses [em
bandeira vermelha] e se estender para bandeira vermelha 2 [que adiciona R$ 6,24
a cada 100 kWh]."
Com toda essa negativa, o resultado é visto nas
contas de luz. A Aneel tem proposta para aumentar o custo das duas bandeiras
vermelhas, que passariam a R$ 4,60 e R$ 7,57, respectivamente. A proposta
estava sendo discutida em consulta pública até a semana passada.
As bandeiras não são o único mecanismo de repasse
do elevado custo das térmicas. Elas antecipam esse custo para sinalizar ao
consumidor que o produto é escasso. Mas parte do gasto extra é paga na revisão
tarifária das distribuidoras de energia, que ocorrem durante o ano.
A conta está em um encargo chamado ESS (Encargos de
Serviços do Sistema), cujo valor pode dobrar este ano, chegando a R$ 20
bilhões, segundo estimativas do setor. Isto é, além das parcelas mensais, o
consumidor deve ter um reajuste maior quando a distribuidora que lhe atende
passar pela revisão tarifária.
Faltas de investimentos também são o reflexos desse
“racionamento”. Especialistas dizem que no cenário atual já existem as usinas
eólicas e solares, que sustentaram boa parte da expansão da oferta nos últimos
anos.
As térmicas a gás, por exemplo, garantem um
suprimento mais firme de energia, ajudando a poupar água nos reservatórios e a
evitar o uso de usinas a óleo, que pelo elevado custo são conhecidas no mercado
como Chanel n.5, em referência um dos menores e mais caros perfumes.
Com informações da Folha de São Paulo
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