O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Julian Rocha Pontes, foi exonerado do cargo após furar a fila da vacina. A demissão dele será publicada, ainda nesta sexta-feira (2/4), em edição extra do Diário Oficial. A decisão foi confirmada ao Correio por fontes do Palácio do Buriti.
(crédito: Marcelo Ferrreira)
Na manhã de hoje, houve uma reviravolta no calendário de vacinação das forças de segurança pública da capital. Após anunciar o início da imunização da categoria neste sábado (3/4), a Secretaria de Saúde voltou atrás, e aditou para a próxima segunda-feira (5/4).
Revolta
A
informação de que militares de alta patente furaram a fila da vacina gerou
revolta na caserna. Além do comandante da corporação, também furaram a
fila o subcomandante-geral da PM, coronel Cláudio Fernando Condi; e o
subcomandante operacional do 2º Comando de Policiamento Regional, tenente-coronel
Eduardo Condi. Os nomes foram confirmados ao Correio por
fontes militares.
Fontes
policiais com quem a reportagem conversou informaram que o comandante-geral da
PM, Julian Pontes, se vacinou na Unidade Básica de Saúde I (UBS I) da Asa Sul,
na quarta-feira (31/3). A imunização dos coronéis e comandantes ocorre devido à
circular vigente da Secretaria de Saúde do DF, que prevê a a destinação das
sobras da vacina, chamadas de "xepas" para os policiais militares que
fazem a segurança das vacinas, do transporte e dos locais de vacinação.
Em
nota oficial divulgada na quinta-feira (1º/4), a SES-DF informou que “esses
profissionais (citados na lista da circular) também fazem parte do grupo de
prioritários e já estarão nos locais trabalhando justamente para que a
população tenha tranquilidade e segurança durante a aplicação das vacinas”.
Um
dos vacinados antes dos praças é o tenente-coronel Eduardo Condi, irmão do
subcomandante-geral, coronel Cláudio Fernando Condi. Condi passou a atuar na
área administrativa da corporação após
ser indiciado no caso Naja.
O
policial militar é padrasto de Pedro
Henrique, o estudante de medicina veterinária picado pela serpente Naja,
e, no esquema criminoso, teria dado suporte financeiro e material para que a
residência servisse de cativeiro para as cobras. O tenente-coronel responde 23
vezes por tráfico de animais silvestres, fraude processual, maus-tratos e
associação criminosa.
Queixa-crime
O
deputado e bombeiro militar Roosevelt Vilela (PSB) gravou um vídeo
classificando a atitude dos militares como “inacreditável e inadmissível”.
“Isso (vacinação antecipada) é um desrespeito aos mais de 20 policiais
militares que perderam a vida para a covid-19. Enquanto você, policial da
ativa, está no enfrentamento e na defesa da sociedade, o comandante-geral de
gabinete fura fila da vacina”, disse.
O
parlamentar afirmou que acionará o Artigo 101 da Lei Orgânica, que prevê, por
meio da Câmara Legislativa do DF, o afastamento imediato dos gestores. Afirmou,
ainda, que estará representando uma queixa-crime, exigindo que a Corregedoria
da PM abra um conselho de justificação contra os oficiais. “Essas são ações
efetivas e enérgicas no sentido de manter a moral e respeito de cada um desses
PMs, que diuturnamente defendem a sociedade”, frisou.
O outro lado
Um
dos acusados de furar fila, o chefe do Departamento Operacional (DOP), coronel
Hemerson Rodrigues, foi enfático na resposta. “Não vacinei e não vou vacinar
enquanto meu último homem não vacinar. Sou um profissional de 30 anos de
carreira, sabem que eu não fiz. Todo final de semana estou na Esplanada. Quem
não me conhece acha que eu tomei a vacina e, por dever moral, não faria isso e
não farei. Estou com restrição (de sair de casa) porque minha esposa está
grávida. Não procurei ninguém para ser vacinado. Achei isso uma injustiça como
profissional”, declara.
Outro
militar que nega ter furado fila da vacina para profissionais de segurança
pública é o chefe do Estado Maior, coronel Marcelo Helberth de Souza. Ele
esclarece que teve o nome divulgado fora do contexto. “A informação que tenho é
que inseriram o meu nome num contexto que desconheço por completo, visto que
não tomei vacina alguma. O fato é que estou afastado com suspeita de covid-19,
o que acabou não se confirmando. Em nenhum momento tomei vacina. Não posso
falar do nome dos demais, mas da minha parte eu esclareço que não tomei vacina
alguma, mesmo que estivesse apto, não teria tomado”, expõe o militar.
A
reportagem procurou o subcomandante-geral da PM, coronel Cláudio Fernando
Condi, para
se posicionar sobre a acusação, mas não obtivemos resposta até a
publicação desta matéria. O mesmo ocorreu com o subcomandante operacional do 2º
Comando de Policiamento Regional, tenente-coronel Eduardo Condi. O espaço segue
aberto para ambos se pronunciarem sobre o assunto.
correiobraziliense
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