Para o médico sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o histórico recente das trocas no Ministério da Saúde não permite ficar otimista para uma nova mudança. Ele disse que se entrar um nome que diga “sim, senhor” ao presidente Jair Bolsonaro, assim como o atual titular da pasta, general Eduardo Pazuello, “vamos ficar do jeito que estamos”. Ao contrário, se o novo indicado disser “não, senhor”, será substituído rapidamente, como ocorreu com os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
“Então
é difícil de ser otimista. Pior que está não fica, pode trocar sem medo. Quem
vier, talvez dê algum mínimo impulso”, afirmou Maierovitch, em entrevista a
Glauco Faria, noJornal Brasil Atual desta segunda-feira (15).
De acordo
com o especialista, o governo federal tem feito justamente o contrário das
medidas que seriam necessárias para conter a transmissão do novo coronavírus.
Falta uma orientação unificada como relação às medidas de isolamento, bem como
uma articulação em nível federal que garanta o avanço da vacinação. A testagem
em massa que permita rastrear o avanço da doença, isolando precocemente os
infectados, para interromper a disseminação do vírus, também vem sendo
negligenciada.
“O
governo trabalhou a favor da epidemia, e não contra ela. Várias coisas que
poderiam ter sido feitas para que não chegássemos a esse absurdo foram feitas
no sentido inverso”, disse o médico sanitarista.
Além
das medidas estritamente sanitárias, também é precária a cooperação com outras
áreas do governo. É o caso da prorrogação do auxílio emergencial que, além de
insuficiente, o governo conseguiu impor novas medidas de arrocho fiscal, que
vão agravar ainda mais o cenário econômico.
O
resultado é que, pelo 16º dia seguido, o Brasil registra recorde na média móvel
de mortos pela covid-19. Durante a semana mais letal da pandemia, foram
registrados 1.832 óbitos por dia, nos últimos sete dias.
Parada
urgente
Diante
do aceleramento da pandemia no Brasil, Maierovitch diz que é necessário “parar
tudo” por pelo menos duas semanas. Nesse sentido, ele citou o caso
bem-sucedido de Araraquara, no interior de São Paulo, que após a decretação de
um rígido lockdown, viu as taxas de transmissão e ocupação dos leitos de
hospitais e UTIs caírem gradativamente.
“Precisamos,
nesse momento, de uma parada. Sei que é difícil de fazer, mas precisamos do
confinamento, do lockdown, que é parar tudo que não é absolutamente essencial,
durante pelo menos duas semanas”, alertou o especialista. “Todo mundo
ficar em casa e não sair para nada que não seja indispensável”, apelou.
Com
informações da RBA.
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