Em vídeo compartilhado nas redes sociais, um homem tenta escalar a estrutura de formato “meia-lua” da Ponte Piquet Carneiro, localizada em Icó, interior do Ceará. As imagens mostram o homem usando uma motocicleta para alcançar o lado oposto da ponte por meio das laterais, mas a manobra não ocorre como esperado e o veículo cai da estrutura antes mesmo de chegar ao meio. O vídeo viralizou após ser publicado pelo perfil Fortaleza Ordinária, no Instagram, nessa segunda-feira, 15.
Quem aparece no vídeo é Vagner Porto Rico, de 38 anos, artista
integrante do Circo Porto Rico. Na ocasião, ocorrida em março de 2015, o circo
visitava Icó e, como sempre faz em cada cidade que visita, Vagner usou uma
“moto trial” — categoria de motocicletas próprias para percursos diversos —
para superar determinado obstáculo. Apaixonado por motos desde criança, ele
pratica esportes radicais com duas rodas, como o “wheeling” (em português,
empinar).
Vagner diz que tentou atravessar a ponte de Icó pelo método
não-convencional porque gosta de se aventurar. No circo, ele faz manobras no
globo da morte, uma jaula em formato de esfera. Após se desvencilhar da moto,
como visto no vídeo, Vagner não se machucou; uma das peças do veículo se rachou
após atingir a lateral da ponte. Naquele dia, ele voltou para o circo usando a
moto.
De família gaúcha, Vagner nasceu no Paraná, quando o pai, também artista
de circo, visitava o estado. Desde o nascimento, ele trabalha na arte circense
e ajudou na fundação do Circo Porto Rico, em 2002. Porém, a organização parou
de funcionar em 18 de março do ano passado, pouco após os primeiros decretos de
isolamento social em decorrência da Covid-19. No começo da quarentena, os
artistas do circo receberam algumas doações financeiras, mas, para conseguir
renda, estão até o momento trabalhando como caminhoneiros, realizando fretes
pelo país.
Vagner cita o auxílio de R$ 1 mil para o setor cultural, anunciado pelo governo cearense em 16 de fevereiro, como uma nova fonte de renda, ainda que de baixo valor. “Ajuda, mas imagina aí um ano parado. Não vou falar que vai ajudar, porque vai, mas infelizmente nós [que somos do] circo somos discriminados e sempre estamos em último caso. Pode ver na televisão. Nunca passa nada de circo, sempre são músicos, comediantes [em materiais sobre o setor cultural], mas o circo nunca é falado. Raramente sai alguma matéria falando sobre circo, a situação dos circenses na pandemia”, reflete ele.
Fonte: O Povo
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