A enxurrada de notícias falsas sobre as vacinas contra covid-19, muitas incentivadas e propagadas pelo governo brasileiro, estão prejudicando a campanha da vacinação em todo o país. Um aplicativo chamado 'Eu Fiscalizo', criado no ano passado, mostra alguns dos absurdos que são publicados como verdade na internet.
Com a chegada das vacinas contra a Covid-19, o app segue recebendo uma série de denúncias de informações não verídicas associadas à doença.
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Um estudo que analisou notícias falsas recebidas pelo
aplicativo, conduzido no ano passado por pesquisadoras da Escola Nacional de
Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), já apontava um número significativo de fake news
em tempos de pandemia.
Com a chegada das vacinas contra a Covid-19, o app
segue recebendo uma série de denúncias de informações não verídicas associadas
à doença. Desenvolvido para que usuários notifiquem conteúdos impróprios em
veículos de comunicação, mídias sociais e whatsapp, o Eu fiscalizo tem
contribuído para que a sociedade tire suas dúvidas e obtenha esclarecimentos
com a Fiocruz, de forma simples e rápida, a respeito de informações veiculadas
sobre a Covid-19.
Para esclarecer a população acerca da imunização
contra a doença e desmistificar as diversas notícias falsas que têm circulado a
respeito, o Informe Ensp conversou com a pneumologista da Escola, Patrícia
Canto. Conheça abaixo cinco fake news sobre as vacinas contra a Covid-19,
notificadas pelo Eu fiscalizo, e entenda por que elas não são verdadeiras:
1. Eficácia da Coronavac: os testes no grupo de risco dos idosos foram
“reduzidos” e a eficácia da vacina, em torno de 50%, é muito baixa e não
garante o fim da pandemia. – É FAKE NEWS!
A pneumologista da ENSP, Patrícia Canto, explica
que a Coronavac tem uma eficácia estabelecida nos estudos, até agora, de
50,38%, o que significa que, tomando a vacina, há 50,38% menos chance de
desenvolver algum sintoma da doença. Ela destaca que a vacina foi 100% capaz de
prevenir a forma grave da doença, incluindo necessidade de internação em UTI e
uso de oxigênio. “Isso é muito importante para a redução das mortes e
internações”, afirma Patrícia.
A pneumologista lembra que as vacinas são testadas,
após os estudos iniciais, em voluntários divididos em dois grupos: um que toma a
vacina que a população está testando e outro que toma outra vacina, ou um
placebo. “Não garantiremos o fim da pandemia enquanto não tivermos a vacinação,
em grande escala, da maior parte de nossa população. Devemos manter as medidas
de distanciamento, máscaras e higienização das mãos”, lembra.
2. Vacina contra a Covid-19 é ‘picada de escorpião’: altera o DNA e faz
a pessoa perder o brilho no olhar - É FAKE NEWS!
Até o dia 9 de janeiro, um vídeo no qual se afirma
que a vacina “altera o DNA e faz parte de um plano para transformar a raça
humana em zumbis” já havia sido visualizado por cerca de 1,5 mil internautas! A
pneumologista da ENSP lembra que vacinas existem há mais de um século e são as
principais responsáveis pela redução na mortalidade infantil e pelo controle de
doenças graves, como poliomielite e sarampo: “Fomos capazes de erradicar a
varíola, única doença até hoje erradicada no mundo, graças à vacinação”.
Patrícia esclarece que as vacinas são testadas em
laboratório antes de serem aplicadas à população. “As vacinas são muito
seguras. Por que elas ficaram prontas tão rápido? Porque temos hoje tecnologia
para desenvolvimento de vacinas em tempos muito curtos, pois dominamos
tecnologias que podem ser adaptadas a diversos vírus. Atesto a total segurança,
sou voluntária em um dos estudos e tenho muito orgulho em contribuir com a
ciência, garantindo saúde para todos”, frisa.
3. Vacinas contra Covid-19 podem provocar alterações genéticas ou câncer
– É FAKE NEWS!
As vacinas atuam para o desenvolvimento de
imunidade contra os vírus. Segundo Patrícia, elas não são capazes de alterar o
material genético de células humanas e não há registros de associação com
qualquer tipo de câncer. “Aliás, podemos citar a vacina contra o HPV, que é
capaz de prevenir o câncer do colo do útero”, exemplifica.
4. Uso de máscara não deve ser praticado por pessoas que fazem atividade
física – É FAKE NEWS!
A pneumologista garante que o uso de máscaras é
seguro e recomendado para todos, com exceção de crianças abaixo de três anos de
idade ou pessoas que não sejam capazes de colocar ou retirar a máscara sem
ajuda.
“Não há perigo no uso de máscaras com a realização
de atividade física, nem existe associação com arritmia cardíaca ou refluxo.
Vale ressaltar que as máscaras sempre foram rotina para os profissionais de
saúde e fazem parte do uso na cultura de vários países orientais”, esclarece.
5. Eficácia da hidroxicloroquina: o presidente dos EUA, Joe Biden, e
o American Journal of Medicine recomendam o uso do medicamento – É
FAKE NEWS!
Segundo Patrícia, não existem estudos que comprovem a eficácia da
cloroquina para qualquer fase da doença. “Os estudos já publicados, ao
contrário, mostram que não há atuação desse medicamento para tratamento da
Covid-19”, reforça a pneumologista.
Fonte: Fiocruz
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