Bolsonaro
dá mais um mau exemplo ao provocar aglomeração em praia da Baixada Santista.
O maior desafio dos prefeitos que tomam posse nesta sexta será enfrentar a sabotagem do presidente Jair Bolsonaro à saúde pública e à economia do Brasil. A fim de proteger a população dos seus municípios contra a covid-19, uma boa dose de realismo recomenda baixa expectativa em relação a algum tipo de ajuda do governo federal.
Em 2021, o coronavírus continuará a ser o principal
inimigo sanitário e econômico do Brasil porque temos o pior político de nossa
história na Presidência do país. Bolsonaro continuará a agir como genocida.
No fim de ano no interior de Minas, foi possível
ver o tamanho do estrago que o mau exemplo do presidente causa à saúde pública.
Em duas cidades próximas à capital mineira, boa parte da população não usa
máscara e vive como se não houvesse pandemia. Homens são a maioria dos que não
protegem o rosto.
Com um presidente negligentemente homicida que
despreza recomendações científicas, os novos prefeitos deveriam promover
campanhas de conscientização para uso da máscara e adoção de outras medidas de
mitigação. O país enfrentará mais um ano de pandemia por culpa de Bolsonaro,
que jogou o Brasil para o fim da fila na corrida planetária pela vacina graças
à negação da ciência e à incompetência administrativa.
A realidade será dura. No curto prazo, não haverá
vacina contra a covid-19 para todos os brasileiros. Não existe plano nacional
de imunização digno do nome, mas uma enrolação do general Eduardo Pazuello,
ministro da Saúde. Bolsonaro e Pazuello desprezaram acordos com laboratórios
que permitiriam compras de grandes lotes de vacina para atender a população
como um todo. Não há nem seringas e agulhas em número suficiente. Mais gente
adoecerá e morrerá por culpa do presidente da República.
Bolsonaro também é responsável por aumentar o custo
da conta econômica com a sua incúria assassina. É óbvio que vacinar logo seria
pavimentar mais rapidamente o caminho da recuperação econômica. Enquanto outros
países, inclusive da América Latina, imunizam as suas populações, o presidente
mantém a sua campanha de desinformação contra a vacinação a todo vapor,
prejudicando a saúde pública e a economia.
Com o fim do auxílio emergencial, que socorreu um
terço da população brasileira ao longo de 2020, será mais difícil para os mais
pobres fazer a travessia ao longo dos próximos 12 meses. A tragédia social,
portanto, está apenas no começo. As cidades brasileiras vão sofrer mais em 2021.
Há expectativa sobre a possibilidade de uso em
massa da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa
chinesa Sinovac. Isso amenizaria o efeito da incompetência federal. A CoronaVac
é uma aposta do governo de São Paulo.
Uma alternativa é a vacina da AstraZeneca, que será
fabricada no Brasil pela Fiocruz. O governo federal se fiou apenas nesta opção,
cometendo o erro de desprezar outros laboratórios de grande porte. Mas parece
que é o que temos.
Nesse contexto, os novos prefeitos precisam fazer
mais parcerias regionais e se articular com os governadores de seus estados
para tentar obter mais rapidamente vacinas, seringas e agulhas. É prudente
tentar novas negociações diretamente com empresas como a Pfizer e a Moderna.
Bolsonaro e Pazuello não têm credibilidade para tratar com essas companhias.
Claro que prefeitos e governadores devem continuar
pressionando o Ministério da Saúde a agir, mas cientes de que será difícil sair
coelho dessa cartola.
Em resumo, os novos prefeitos devem priorizar a
aliança de municípios e estados para enfrentar a reiterada sabotagem do
presidente à saúde pública e à economia. Na prática, não há governo federal no
Brasil. Apesar de Bolsonaro, é preciso encontrar um jeito de comprar mais
vacinas, seringas e agulhas.
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