O Governo do Estado planeja para os próximos dias uma mudança significativa nos Consórcios de Saúde do Estado, responsáveis pela gestão de policlínicas e de Centros de Especialidades Odontológicas (Ceos) que atendem a população em todo o Ceará.
Atualmente, o modelo é de compartilhamento de recursos entre estados e
municípios e a gestão é comandada pelos presidentes dos consórcios que são
prefeitos das regiões atendidas pelos equipamentos.
O modelo, elogiado por especialistas, tem sido alvo de verdadeiras
batalhas políticas entre gestores municipais pelo comando das unidades que
agregam capital eleitoral a quem comanda. Alguns consórcios têm mais recursos e
cargos do que várias prefeituras do Interior.
Prejuízos
Essas disputas políticas estão saturando o sistema e trazem problemas
difíceis de resolver para o Estado. Além da briga entre os prefeitos, que força
a gestão a mediar os conflitos, há constatações de mau uso do dinheiro público,
suspeitas de desvios, clientelismo, má gestão das unidades e dos equipamentos
públicos e até dívidas oriundas das más gestões.
Mas o pior de tudo mesmo é que os problemas impactam no atendimento da
população mais carente do Estado que precisa de uma consulta, de um exame, de
um atendimento médico e não tem.
Quem conhece o sistema por dentro aponta que há, inclusive, redução da
quantidade de consultas às quais a população do município tem direito porque os
prefeitos são adversários políticos. Um escárnio que mereceria das autoridades
de fiscalização dos recursos públicos uma atenção especial para punição severa
aos seus responsáveis. Aliás, fiscalização da aplicação dos recursos é uma
grande lacuna no sistema dos consórcios de Saúde.
A primeira etapa do secretário de Saúde é ajustar essa nova forma de
gestão para que o governador edite um decreto com as modificações. A etapa
seguinte é reordenar a gestão das unidades, principalmente das
policlínicas.
Recentemente, a Escola de Saúde Pública concluiu a seleção para os
cargos executivos dos consórcios que antes eram por indicação dos prefeitos. A
ideia é fazer seleção pública também para todos os profissionais que atuem nas
unidades, dando mais transparência ao processo.
Essa articulação, como quase tudo no poder público, precisa ser
política, além de técnica. Por isso, além do diálogo com o governador e o
Palácio Abolição, o secretário Dr. Cabeto está conversando individualmente com
deputados estaduais para explicar a proposta. Ele conversou, recentemente, por
exemplo, com o deputado estadual Fernando Santana (PT) presidente da Assembleia
até o dia 1º de fevereiro.
FOTO: Natinho Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste
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