O número de médicos cresceu fortemente nos últimos anos no Brasil, atingindo mais de 500 mil profissionais, uma média de 2,4 para cada 1 mil habitantes. Entretanto, a distribuição ainda é bastante desigual, com maior presença nas regiões mais ricas e menos oferta no Norte e Nordeste.
Os dados estão em pesquisa lançada hoje (8) pelo Conselho Federal de
Medicina. O levantamento da demografia médica brasileira foi elaborado por
pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e chegou a
sua 5ª edição, avaliando a evolução dos profissionais desta carreira.
“Aumentou em função da abertura desenfreada de cursos e expansão de
vagas em escolas que já existiam. De 2011 até agora foram mais de 20 mil novas
vagas de graduação de medicina. É isso que impacta no número de médicos. Temos
quase 37,8 mil vagas em 2020.
Entre 2010 e 2020, a média de profissionais que deixaram a carreira a
cada ano ficou estável entre 1,2 mil e 1,5 mil. Contudo, o número de egressos
dos cursos de medicina anualmente foi de 12,7 mil para 21,9 mil neste
período.
Segundo o presidente do Conselho Federal de Medicina Mauro
Ribeiro, diante do grande número de egressos, a cada ano há deficiência
para poder dar continuidade à formação adequada. “Não existe
infraestrutura hospitalar que permita aumento de vagas de residência para
acompanhar este aumento exponencial de formandos no Brasil”,
pontuou.
Desigualdade
Mas o estudo também verificou que apesar do incremento na oferta de
médicos, esta está distribuída de forma desigual no território brasileiro.
Nas regiões Sul e Sudeste e em estados mais ricos ou com produto interno
bruto per capita mais alto, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Distrito Federal,
possuem taxas muito maiores do que os demais. No Sudeste a proporção
médico/habitante é de 3,15 e na Sul, 2.68. Na capital, a média é de 5,11.
Já no Norte e Nordeste o quadro é bem diferente, com taxas respectivas
de 1,3 e 1,69 profissionais para cada 1 mil habitantes. O Pará, por exemplo,
possui a menor média, de 1,07 médicos para cada 1 mil habitantes, cerca de
cinco vezes menos do que a capital do país.
Na comparação entre capitais e interior, também se verifica
desigualdade. Enquanto as cidades do interior abrigam 76,2% da população, elas
possuem apenas 45,7% dos médicos. E o crescimento tem sido lento: em 2017 eram
44,9% profissionais desta carreira. Já as capitais são local de residência de
23,8% dos brasileiros mas contam com 54,3% dos formados em medicina.
“Foi feita uma política de abertura de escolas médicas com justificativa
de que aumentaria a oferta. Alertamos que tinha que ter política pública de
indução da ida do médico para o interior. Esta desigualdade persiste não
obstante o aumento absurdo de escolas médicas”, avaliou Mauro Ribeiro.
A falta de equilíbrio ocorre também quando comparados os sistemas de
saúde. Dos profissionais, 28% atendem exclusivamente no setor privado, 22%
somente no setor público e os 50% restantes nos dois tipos de serviços.
“Como num país de meio milhão de médicos pode haver escassez de
profissionais? Além da desigualdade na distribuição regional há também dentro
do próprio sistema de saúde. Se pensarmos que o setor privado atende 25% da
população, temos concentração de médicos de forma desproporcional, muito mais
concentrados nas estruturas privadas de saúde”, analisou Mário
Scheffer.
Perfil demográfico
O estudo também verificou o perfil demográfico a profissão. Nas últimas
duas décadas, houve um acréscimo na proporção de mulheres. Se em 1990 elas
representavam 31% dos profissionais, em 2020 chegaram a 47%. Em 2019, 57,5% dos
novos registros dos conselhos regionais de medicina eram dados a médicas,
enquanto 42,5%, a médicos.
Com a abertura de novos cursos e entrada de mais pessoas por ano, a
idade média caiu, chegando a 45 anos em 2020.
Por conta do incremento de mulheres na carreira, estas possuem uma média
de idade menor, de 42 anos. Já no caso dos homens este índice é maior, de 48
anos.
Foto: Reprodução/ Google
Fonte: Agência Brasil
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