O Ministério da Saúde deixou vencer um contrato e suspendeu os exames de genotipagem no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas que vivem com HIV, aids (a doença causada pelo vírus) e hepatites virais. O teste é essencial para definir o tratamento mais adequado para quem desenvolve resistência a algum medicamento.
O contrato com a empresa que realizava este exame venceu em novembro
passado. Apenas um mês antes, em 7 de outubro, o ministério realizou um pregão
para buscar nova fornecedora do serviço. O processo, porém, fracassou após a
empresa vencedora não anexar todos os documentos exigidos pelo edital. O
ministério prevê realizar novo pregão nesta terça-feira, 8. Se houver vencedor
no certame, a expectativa é retomar o serviço apenas em janeiro.
Em nota distribuída a serviços de saúde no último dia 3, o ministério
afirma que fará este exame apenas para crianças com menos de 12 anos e
gestantes que vivem com HIV e aids. Já os pacientes de hepatite C devem receber
os medicamentos velpatasvir e sofosbuvir, que são mais eficazes e dispensam a
genotipagem. O HIV é o vírus causador da aids, doença que ataca células do
sistema imunológicos. Ter HIV, porém, não significa que a pessoa desenvolverá
aids.
Por conta da pandemia, o número de exames e testes rápidos para
identificação do vírus HIV, realizados entre janeiro e outubro, caiu de 63.709
do ano passado para 53.070 no mesmo período de 2020, uma redução de 16,7%,
segundo estimativa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Grupo avalia ir ao Ministério PúblicoConselheiro Nacional de Saúde e
representante da Articulação Nacional de Luta contra a aids (Anaids), Moysés
Toniolo, afirma que foi pego de surpresa pela interrupção dos exames de
genotipagem. Ele disse que a pasta não informou quantos pacientes precisam hoje
deste serviço.
Professor titular de medicina na Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Marcelo
Simão Ferreira afirma que o prejuízo não será grande para pacientes de
hepatites virais, pois há medicamentos que servem para todos os genótipos da
doença, ou seja, dispensam o exame que o SUS interrompeu. “Agora, para o HIV
vai fazer falta. A genotipagem do HIV avalia a sensibilidade do vírus às várias
drogas que nós temos”, disse ele.
Foto: Divulgação
Fonte: Estadão
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