A poucos dias para o Natal, época marcada pelas reuniões familiares, os números de mortes e contaminações pela Covid-19 continuam altos. Para infectologistas, não é o momento de fazer comemorações. Caso elas aconteçam, é importante seguir medidas que minimizem os riscos.
Para infectologistas, não é o momento de fazer comemorações.
"Nosso momento está ruim", destaca o infectologista Marcelo
Otsuka, coordenador do comitê de infectologia pediátrica da SBI (Sociedade
Brasileira de Infectologia). Ele lembra que há aumento no número de casos,
óbitos e leitos ocupados.
Francisco Ivanildo, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e
membro da APM complementa dizendo que, diferente do primeiro semestre, agora há
mais jovens adoecendo e sendo internados. Entre as explicações para isso, há o
retorno para o trabalho, a diminuição nas restrições de comércios e serviços e
uma sensação de relaxamento, que colaborou para que as medidas de prevenção
fossem deixadas de lado por alguns.
Assim, o infectologista alerta que comemorações que misturam pessoas de
diferentes grupos, como jovens que estejam circulando frequentemente, idosos,
pessoas com outros fatores de risco (como diabetes, cardiopatias e doença renal
crônica, por exemplo) são preocupantes.
"O ideal é que pessoas que moram na mesma casa se reúnam apenas
entre si para reduzir o risco de transmissão", diz Ivanildo. No caso de
pessoas que fazem parte do grupo de risco, Otsuka sugere utilizar a tecnologia,
como chamadas de vídeo, para interagir. É importante evitar a proximidade com
quem não faz parte da rotina.
Para Eliane Tiemi Iokote, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo
de São Paulo, os cuidados devem ser triplicados e lembra que é um momento
passageiro, que exige o comprometimento de todos. "Podemos comemorar, mas
de forma consciente e com bastante responsabilidade", ressalta.
Segundo Ivanildo, os participantes também devem considerar o seu próprio
comportamento nas últimas duas semanas, sobre situações em que ficaram expostos
a uma eventual contaminação, e pensar bem antes de encontrar alguém.
De acordo com os infectologistas, a principal recomendação é que as
comemorações não sejam feitas, mas caso aconteçam, é importante que tenham o
menor número de pessoas possível, que o uso de máscara seja constante, exceto
ao comer, e que haja distanciamento de dois metros enquanto as refeições forem
feitas. Durante a reunião, não é recomendado que as pessoas cantem, falem alto
ou gritem porque isso faz com que mais partículas de saliva se espalhem e
aumenta as chances de contaminação.
Em relação às máscaras, Otsuka explica que elas devem ser trocadas
quando estão molhadas ou sujas. "[A máscara de] uma criança que manipula
mais, tem chance de ficar suja mais rápido", exemplifica. Com boas
condições de higiene, ele afirma que a máscara pode ser usada entre duas e
quatro horas.
Ivanildo destaca que os ambientes devem ser bem arejados. O ideal é que
espaços ao ar livre como jardins e quintais sejam utilizados. Caso a
comemoração aconteça em casa, abra portas e janelas. Em todos os casos,
disponibilize álcool em gel onde as pessoas circulam.
Além disso, recomendações que determinam o número de pessoas não são
aplicáveis a todas as situações. Antes de reunir, considere o tamanho do
espaço, para que todos façam o distanciamento adequado, a ventilação, e de onde
as pessoas estão vindo. Encontrar pessoas que moram duas casas diferentes é
melhor do que cinco que vem cada uma de uma casa. "Cada pessoa tem contato
com várias outras", resume Ivanildo.
Em relação ao jantar ou almoço de Natal, é recomendado que apenas uma pessoa
sirva os pratos. Caso não seja possível, reforce as orientações para que
ninguém fale enquanto estiver pegando a comida. Em todas as situações, é
importante higienizar as mãos adequadamente. Também é importante evitar contato
físico, como abraços e beijos.
Iokote afirma que objetos pessoais não sejam compartilhados. Assim, cada
pessoa deve utilizar o próprio copo, talher ou celular. Isso ajuda a evitar
tanto a Covid-19 quanto outras doenças transmitidas dessa forma.
Os infectologistas explicam que o maior risco de contaminação está na
transmissão respiratória e levar a mão contaminada às mucosas como nariz, boca
e olho. Assim, o risco durante trocas de presente é baixo, principalmente se o
item foi embalado há alguns dias. Neste caso, basta higienizar as mãos
adequadamente após tocar na embalagem.
Os especialistas também alertam para não relaxar dos cuidados em
hipótese alguma. Mesmo quem já contraiu a doença pode ser novamente infectado e
transmitir para os demais. Além disso, Ivanildo lembra que fazer um teste
rápido ou PCR não garante que a pessoa está sem o vírus, pois o resultado pode
não ser preciso ou a contaminação pode ocorrer depois, por exemplo, o que
geraria uma falsa sensação de segurança.
FOLHAPRESS
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