O mundo acabou de passar pelo novembro mais quente já
registrado, enquanto a Europa teve o outono com temperaturas mais altas,
segundo um alarmante relatório do Serviço de Mudança Climática do Copernicus,
da União Europeia.
As temperaturas foram mais elevadas em regiões ao norte da Europa, Sibéria e
Oceano Ártico, onde o gelo do mar ficou no segundo nível mais baixo da história
para o mês de novembro.
Os Estados Unidos, a América do Sul, a África do Sul, o planalto do
Tibete, o leste da Antártica e a maior parte da Austrália também registraram
temperaturas muito acima da média.
Em todo o planeta, novembro ficou quase 0,8ºC acima da média para os anos de
1981 a 2010, e 0,1ºC mais quente que 2019. E esse calor incomum
surgiu mesmo com o efeito de esfriamento do fenômeno La Niña.
Tendência de aquecimento
Na Austrália, um incêndio florestal está há seis semanas fora de
controle na região turística de Fraser Island, enquanto algumas partes do país
sofrem com uma onda de calor recorde.
“Esses recordes são compatíveis com a tendência de aquecimento de longo prazo
do clima global”, disse Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudança
Climática do Copernicus no Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio
Prazo.
Ele afirmou que novembro foi “um mês excepcionalmente quente” em todo o
planeta e as temperaturas no Ártico e no norte da Sibéria permaneceram altas
enquanto o gelo do mar ficou no nível mais baixo.
“Essa tendência é preocupante e destaca a importância do monitoramento
abrangente do Ártico, enquanto ele se aquece mais rápido do que o restante do
mundo”, disse Buontempo.
Ele ressaltou que governantes que priorizam a mitigação dos riscos climáticos
“devem ver esses recordes como um alarme” e pensar mais seriamente do que nunca
em como cumprir com o Acordo de Paris de 2015.
Cenário perturbador
Os Estados Unidos deixaram o Acordo de Paris em novembro, com o atual
presidente Donald Trump alegando que ele “foi projetado para matar a
economia norte-americana”. Contudo, o presidente eleito, Joe Biden,
prometeu que o país vai voltar ao tratado assim que ele tomar posse.
Dados do Serviço de Mudança Climática do Copernicus mostram que 2020 pode ser o
ano mais quente já registrado. Ele está no mesmo nível de 2016, o mais quente
até agora, e provavelmente vai igualar o recorde ou excedê-lo levemente, a
menos que haja uma queda em dezembro.
O relatório climático anual da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, em
inglês), divulgado na semana passada, mostrou que 2020 estava a caminho de ser
um dos três anos mais quentes da história, atrás apenas de 2016 e 2019.
A WMO informou que a média global de temperatura foi de cerca de 1,2ºC
acima dos níveis pré-industriais. Deve-se evitar que as temperaturas globais
subam acima de 1,5ºC para que grandes impactos no clima sejam contidos, segundo
o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Apesar de os dados de dezembro serem decisivos, é quase certo que 2020
será o ano mais quente para a Europa, indicam relatórios do Copernicus. O
período de janeiro a novembro foi 0,5ºC mais quente do que o mesmo período de
2019, e ao menos 0,4ºC mais quente do que o mesmo período de qualquer outro
ano.
Em setembro, outubro e novembro, a temperatura média na Europa foi 1,9ºC
acima da média de 1981 a 2010 e 0,4ºC acima da média de 2006, outono (no
hemisfério norte) mais quente até então. A maior parte da Europa viu um calor
acima da média, com temperaturas subindo mais nas regiões ao norte e leste do
continente.
No Ártico e nas áreas ao norte da Sibéria, as temperaturas têm ficado acima da
média para todo o ano de 2020. A cobertura do gelo marinho está particularmente
baixa desde o início do verão.
Foto: Reprodução
Fonte: CNN Brasil
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