Com a demanda dos últimos anos, o Sítio Pau Preto, em Potengi, se tornou
ponto de parada obrigatória de estrangeiros que visitam o Sul do Ceará para
admirar a avifauna da Caatinga. Lá, há uma casinha que, no fim do ano passado,
se tornou o Museu Casa dos Pássaros do Sertão, incluída no projeto de museus
orgânicos do Serviço Social do Comércio (Sesc), como um espaço de observação e
fotografias de pássaros, sob o comando do biólogo Jefferson Bob.
De hobby para profissão, Bob sempre foi apaixonado pela natureza e
cresceu no próprio Sítio Pau Preto nos arredores da casa de suas avós, Josefina
Zizi da Conceição, a Dona Zizi, e Mário Gonçalves de Lima, herança dos bisavôs
Abraão e Ana Gonçalves, que chegaram ali em 1937. Em 2016, o biólogo, que já
trabalhava com turismo de observação de aves, reformou a casa e iniciou um
trabalho com hospedagem domiciliar.
Da própria varanda, rapidamente se juntam dezenas de espécies ao redor
do comedouro, montado especialmente para a fotografia. A água, neste período
mais seco, atrai as aves com mais facilidade. “Em horários mais quentes, ficam
fotografando. Foi planejado para isso. É focado tanto no observador iniciante,
como o experiente. Muitas pessoas da cidade perguntam: ‘Por que vem gente de
todo mundo para lá? O que tem lá’. Todos vêm por conta das aves”, reforça o
biólogo.
Adaptado para recebê-las, o Sítio Pau Preto recebe turistas de países
como Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, China, África do Sul, entre outros.
Lá, já foram cadastradas 2012 espécies no eBird, entre residentes e visitantes
(aves migratórias que passam com frequência no período chuvoso). “O sítio está
num local estratégico. Um pouco afastado da cidade e concentra espécies comum
da caatinga e estamos próximos da parte alta da Chapada. Acontece que muitas
espécies ocorrem mais em nossa região que em outros lugares, como o pompeu,
casaca de couro, cardial do nordeste, o galo de campina”, esclarece Bob.
Crescimento Também biólogo, Ciro Albano foi um dos pioneiros no
turismo de observação de aves na região do Cariri, que se impulsionou,
principalmente, a partir da primeira avistagem do soldadinho-do-araripe por
ornitólogos, em Barbalha, em 1996. Dois anos depois, a espécie endêmica do
Cariri seria descrita e, em 2000, já estava na lista vermelha internacional de
animais ameaçados.
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