Quem percorre as regiões Centro-Sul e Cariri percebe uma mudança na vegetação sertaneja. Nessa época do ano, o mato costuma permanecer seco e a cor cinza é predominante. Mas neste ano, o verde predomina, anunciando uma mudança antecipada.
A transformação é fruto das chuvas que banharam a área neste mês, que é
o mais chuvoso dos últimos 48 anos, segundo dados da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
O mês que termina hoje registra uma média de 30.2mm, ou
seja, choveu 423.6% a mais do que a média para o período, que muito
reduzida – 5.8mm. Os dados comparativos apontam que é o melhor novembro de toda
a série histórica registrada pela Funceme, desde 1973.
Os indicadores são ainda parciais e podem ser ampliados à medida que
novas informações de chuva cheguem à sala de estatística da Funceme. O
segundo novembro mais chuvoso da série foi observado em 1979 – 28.5mm, isto é,
393.9% acima da média.
O terceiro novembro mais chuvoso ocorreu em 2014, quando foram
registrados 24.7mm, um acréscimo de 329.0mm sobre o esperado para o
período. E o quarto verificou-se em 1976 – 327.8mm.
Explicação
Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) e o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet), as chuvas verificadas neste mês decorreram do
posicionamento da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que contribuiu
para aumentar a convergência dos ventos sobre o interior do Nordeste.
Os institutos apresentam maior probabilidade de ocorrência de chuva
abaixo da normalidade para o Cariri cearense para dezembro e janeiro, apesar de
normalmente as chuvas começarem mais cedo nessa região.
A Funceme somente divulga previsão para a quadra chuvosa – fevereiro a
maio – na segunda quinzena de janeiro. Entretanto, o Cptec/Inpe e o Inmet
apontam a formação do fenômeno La Niña – resfriamento da água
superficial do Oceano Pacífico Tropical, que podem favorecer a ocorrência de
boas chuvas no período.
“Precisamos analisar o comportamento da temperatura do Atlântico Sul,
que se estiver mais aquecido que o Norte vai atrair a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), que é o principal sistema indutor de chuvas no semiárido
nordestino”, pontuou Fernandes.
O secretário executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo
Alcântara, observou que as “chuvas neste mês de novembro contribuíram para
reduzir índices de queimadas no Sul do Ceará e mudaram a paisagem da região,
tornando o mato verde e criando uma sensação com dias nublados com se o período
chuvoso já tivesse iniciado no sertão”.
Foto: Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste
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