Meses após o baque da queda do preço internacional do petróleo em meio à pandemia do novo coronavírus, o valor da gasolina na bomba dos postos já está voltando ao patamar de antes. Ontem (8), a reportagem verificou que o litro do combustível podia ser encontrado de R$ 4,45 a até R$ 4,69 em postos da Capital – igual ao preço médio cobrado em janeiro, pico dos valores no ano, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
De janeiro a outubro de 2020, o preço médio da gasolina comum acumula
uma queda de 4,23% nos postos cearenses, proporção menor que a média nacional,
de 4,87%, de acordo com a ANP. No mesmo período, o preço da gasolina pura
vendida pelas refinarias da Petrobras acumula uma queda de 13,7%. Foram 35
reajustes realizados pela estatal em 2020 até agora, sendo 16 aumentos e 19
reduções. A gasolina pura corresponde a 73% da gasolina vendida na bomba e os
27% restantes são de etanol anidro, adicionado pelas distribuidoras.
Segundo o assessor técnico do Sindicato do Comércio Varejista de
Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, além do
preço da gasolina pura, o preço final ao consumidor depende da variação do
etanol comprado pelas distribuidoras, dos custos logísticos, das margens de
lucro das distribuidoras e dos postos, além da dos tributos. “O álcool tem uma
dinâmica sazonal, com uma variação totalmente diferente da gasolina”,
diz.
Além dos desequilíbrios entre oferta e demanda provocados pela
quarentena, a forte variação do preço do barril do petróleo ao longo do ano
acabou sendo o principal fator para a queda, segundo Costa. “Chama atenção essa
queda, que podemos atribuir a um mercado recessivo, por conta dos lockdowns, e
pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, que impactou muito
mais do que a pandemia, com reflexos que persistem até agora”, diz.
No primeiro semestre, o preço do combustível apresentou quatro quedas
consecutivas, de fevereiro a maio, quando foi registrado o menor preço médio do
litro (R$ 3,87), o que representou uma queda de 17,4% ante janeiro. Em maio, o
menor valor encontrado no Estado foi de R$ 3,35 e o maior de R$ 4,59, ambos na
Capital.
“Diante do cenário atual, a gente acredita que, após a gasolina ter
atingido o menor valor em maio e com a recuperação nos meses seguintes, haja
uma estabilidade dos preços. Não consigo ver mudanças significativas até o
final do ano, seja no mercado interno seja no mercado externo”, diz Antônio
José.
Variação O cálculo do preço da gasolina ao consumidor final é composto
por 29% de ICMS, 29% de realização da Petrobras, 16% de Cide, Pis/Pasep e
Cofins, 15% do custo de etanol, e de 11% de distribuição e revenda. O
Sindipostos-CE ressalta ainda que os preços finais ao consumidor dependem de
cada posto, que acrescem impostos, taxas, custos com mão de obra e margem de
lucro.
Guerra de preçosNo início do ano, a Arábia Saudita e Rússia, dois dos
principais produtores globais do combustível, protagonizaram uma guerra de preços
em um momento que a redução na atividade econômica global destruía a demanda
pela commodity, afetando o mercado. Agora, com o temor de uma nova onda de
contágio, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia
estão considerando implementar cortes maiores sobre a produção de petróleo no
início de 2021, em uma tentativa de fortalecer o mercado.
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