A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário puniu três policiais militares com demissão pela acusação de corrupção nas escalas de serviço de um batalhão da Polícia Militar do Ceará. Um quarto PM investigado foi absolvido.
Interceptações telefônicas,
autorizadas pela Justiça Estadual do Ceará, identificaram conversas em que pelo
menos 12 PMs buscavam trocas de benefícios na escala do serviço público, no 17º
Batalhão de Polícia Militar, localizado no Bairro Conjunto Ceará, em Fortaleza.
As investigações precisaram ser desmembradas em três processos, devido ao
número de agentes.
No processo, o controlador geral
de Disciplina do Estado, Rodrigo Bona, decidiu pela demissão de três sargentos
e absolvição de outro. A decisão foi publicada em portaria, no Diário Oficial
do Estado da última sexta-feira (13). A Polícia Militar foi procurada, mas não
respondeu até a publicação desta matéria.
Casos de propina
Conforme as investigações, um dos
sargentos atuava como escalante do 17º BPM desde 2008 e se utilizaria da função
para obter recursos oriundos de propina paga pelos outros policiais. As
interceptações registraram conversas suspeitas entre os anos de 2016 e 2017.
Em uma das conversas, ocorrida às
11h54 do dia 24 de fevereiro de 2017, uma sexta-feira anterior ao Carnaval, o
sargento liga para outro sargento para cobrar R$ 100. O policial pede até o fim
do dia para realizar o pagamento, porque está ocupado, mas o PM escalante
afirma que o colega de farda tem até 14h daquele dia para pagá-lo, senão seu
nome estará na escala.
Mais tarde, em nova ligação, às
17h47, o PM garante que irá efetuar o pagamento mais tarde. E seu nome não
constou na escala do feriado, segundo a investigação.
Questionados pela CGD, os
militares alegaram que o pagamento era referente a uma bota que tinham
negociado e que o oficial estava de férias naquele período, por isso não
trabalhou no Carnaval.
O esquema de propina em escalas
de serviço do 17º BPM foi descoberto durante os levantamentos da Operação
Gênesis II, na qual o Gaeco investiga uma organização criminosa, formada
policiais civis e militares e traficantes, acusada de extorquir outros
traficantes, na Grande Fortaleza. Os valores cobrados custavam de R$ 4 mil a R$
10 mil.
A Operação foi deflagrada no dia 16 de setembro último, para cumprir 17 mandados de prisão e mais 17 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos, estavam nove PMs, três policiais civis da ativa e um policial civil aposentado. As identificação não foram reveladas, em razão do sigilo da investigação.
Por G1 CE
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