A um mês para o início da pré-estação chuvosa, que vai de dezembro a janeiro, a situação das famílias que moram às margens de rios expõe um antigo problema que se repete a cada ano: desalojamento, inundações e prejuízos materiais. Em algumas das principais cidades onde houve incidentes neste ano, a resolução do problema pouco avançou e o temor permanece.
As chuvas geralmente, começam em dezembro, no Sul do Estado e, ao contrário do restante do Ceará, caem com mais intensidade entre janeiro e abril - a estação chuvosa cearense é de fevereiro a maio. A média pluviométrica esperada para o próximo mês na região do Cariri, por exemplo, é de 66,1 milímetros.
Em Crato, as atenções se
voltam para o canal do rio Granjeiro, que eventualmente transborda em chuvas
mais intensas e já causou prejuízos milionários, além de deixar dezenas de
famílias desabrigadas. "Todo ano a gente fica com medo. Ninguém dorme
quando transborda. A gente fica lá até baixar (a água) e volta para casa",
desabafa a aposentada Maria Eliziê de Melo.
Com o problema
recorrente, praticamente todas as lojas do Centro possuem calçadas altas,
algumas chegam a ficar acima de um metro. Isso ainda é insuficiente. "A
lama entra. A pessoa fica três dias sem vender, porque aqui não anda
ninguém", conta o comerciante Antônio Martins, que há 30 anos revende
bebidas na margem do canal.
Por precaução, a Defesa
Civil de Crato, ano passado, realizou uma simulação com participação da
população e dos órgãos públicos que atendem casos de emergências, como Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Corpo de Bombeiros e a Guarda Civil Municipal.
Em 45 minutos, a evacuação foi concluída.
O canal do Rio Granjeiro
conta com um sistema de alerta ligado ao Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que repassa para Brasília (DF) e, à
Defesa Civil do Estado. Este, em caso de risco de desastre, aciona a Defesa
Civil do Município. "Recebemos também alertas de chuvas com ventos
fortes", completa Josemeire Melo, coordenadora do órgão no município.
Recuperação
O secretário de
Infraestrutura de Crato, Ítalo Samuel, ressalta que, em 2019, foram realizados
serviços no canal, como a construção de paredes e piso do trecho novo, além da
recomposição de muretas, calçadas e outros serviços realizados com a intenção
de recuperar a estrutura danificada pela quadra chuvosa daquele ano e diminuir
o impacto da energia hidráulica no final do canal. "Essa melhora foi
comprovada no ano de 2020 com a diminuição dos transbordamentos de água ao
longo do canal", enfatiza.
Em 2019, foi investido
R$ 1,29 milhões no canal, enquanto este ano não foi preciso. Porém, a
manutenção com limpeza e desassoreamento normalmente é realizada antes e após o
período chuvoso. Por outro lado, o secretário admite que isso não soluciona o
problema e que, para isso, tem dialogado com pesquisadores da área hidráulica
em relação ao canal. "Existem diálogos com o governo estadual para
financiamento da contratação da empresa que irá realizado o estudo e o projeto
de drenagem do Município, bem como diálogos com o Governo Federal para
posterior financiamento da obra", sem precisar uma data.
No entanto, Ítalo estima
que a elaboração do Termo de Referência e contratação de uma empresa para
realização do estudo dura em torno de quatro meses. Já a elaboração do estudo e
projetos executivos a serem executados seriam realizados num prazo de oito
meses.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do
Nordeste
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