O aumento de casos e óbitos de covid-19 no Brasil entre 8 e 21 de novembro ainda não pode ser chamado de segunda onda, mas deve servir de alerta para reforçar o sistema de saúde, avalia o Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que foi atualizado ontem (26) com os dados das semanas epidemiológicas 46 e 47.
O texto pede atenção na análise dos dados, já que as semanas estudadas
sucedem um período em que houve defasagem nos registros, no contexto dos
ataques cibernéticos sofridos por órgãos federais.
“Ainda não se pode afirmar que o Brasil vive uma segunda onda da
pandemia, mas a inversão da tendência de redução desses indicadores [de casos e
óbitos] deve servir como alerta para todo o sistema de saúde, no sentido de
reforçar a infraestrutura hospitalar e intensificar ações de atenção primária
integrada à vigilância”, afirma o boletim, que reitera a importância de
combinar o distanciamento social à realização de testes para a identificação
ativa de casos e contatos, com isolamento dos casos e quarentena dos contatos.
A Fiocruz avalia ainda que “a combinação dos problemas no fluxo de dados
e o aumento súbito do número de casos deve ser tratada com bastante atenção,
pois significa que no momento atual podemos ter um quadro de indicadores que
efetivamente não reflete a realidade, agravado pela ausência de testes e de
busca ativa de casos e contatos”.
Entre 8 e 21 de novembro, foi observada tendência de alta na incidência
da doença nos estados do Amapá, Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e de
Santa Catarina. Já o número de óbitos sofreu “aumento expressivo” em Roraima
(+7,9%), Minas Gerais (+6,6%), no Rio de Janeiro (+10,1%), em São Paulo
(+7,7%), no Rio Grande do Sul (+5,2%) e em Goiás (+7,5%).
A Fiocruz aponta que a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) no país voltou a crescer e “revela um quadro preocupante”. As taxas mais
altas no período ocorreram em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, no Distrito
Federal, Paraná, em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
A ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva para covid-19,
segundo o boletim, continuou em uma tendência de piora, com Amazonas (86%) e
Espírito Santo (85,1%) na zona de alerta crítica. A situação piorou na Bahia
(61,1%), em Minas Gerais (64,5%), no Rio de Janeiro (70%) e em Santa Catarina
(78,1%), e esses estados voltaram para a zona crítica intermediária.
Foto: © Reuters©
Fonte: Agência Brasil
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