O número de municípios com mais eleitores que habitantes aumentou na comparação com o cenário visto nas eleições de 2018. Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), desta vez são 493, 8,8% das cidades brasileiras. Em 2018, quando 308 cidades do Brasil registraram essa inversão, o aumento foi de 60%.
Proporcionalmente, a cidade que lidera a lista nacional de municípios
com mais eleitores do que habitantes é Severiano Melo (RN). Lá, segundo
estimativa do IBGE, são 2.088 habitantes, já os dados do TSE apontam 6.482
eleitores aptos a votar, o número é três vezes maior que a quantidade de
habitantes.
Em números absolutos, na liderança da lista nacional de municípios com
mais eleitores que habitantes está o município pernambucano de Cumaru,no
Agreste do estado. Segundo o IBGE, ele possui 10.192 moradores, já o TSE aponta
que há na cidade 15. 335 cidadãos aptos a votar este ano.
Justificativa
A diferença, segundo o consultor da área técnica, da CNM, Eduardo
Stranz, pode ser justificada por desatualizações nas estimativas de população
feitas pelo IBGE, fraudes e , especialmente, por questões afetivas. “Existe uma
ligação muito grande das pessoas com as cidades onde elas nasceram, sobretudo
nesses municípios pequenos. Elas migram para cidades maiores, regiões
metropolitanas ou cidades-pólo em busca de emprego ou estudo, mas não
transferem seus títulos eleitorais, isso é muito comum”, avaliou.
Stranz, que há mais de 30 anos trabalha com municípios, lembrou ainda
que em cidades menores a disputa política é muito acirrada e as pessoas
nascidas nessas localidades têm sempre algum grau de parentesco com os
candidatos o que, segundo ele, também contribui para que elas não transfiram
seus títulos.
Dados IBGE
Outro ponto que deve ser levado em conta é a defasagem nos dados sobre a
população brasileira. “Isso está mais evidente agora, em 2015. Segundo o Plano
Nacional de Estatística, o IBGE teria que ter feito uma contagem populacional
para ajustar a fórmula que calcula essa estimativa, mas isso não aconteceu sob
o argumento de falta de verba”, explicou o especialista.
O Brasil adota uma das seis fórmulas utilizadas no mundo para estimar a
população . A equação, que projeta o número de habitantes a partir de dados do
Censo Demográfico, tem eficiência por quatro anos, no quinto ano, é preciso
recontar a população para ajustar a fórmula. “Como não foi feito isso, as
populações estimadas a partir de 2015 têm tendência mais ao erro que acerto.
Isso também pode ser importante nessa diferença”, destacou Eduardo Stranz.
Fraudes
Questionado se o número maior de eleitores em relação aos habitantes em
determinadas cidades não pode significar fraude, o consultor disse que sim, mas
que casos de curral eleitoral são pontuais. “Hoje em dia isso é cada vez menos
comum. As pessoas têm muito mais acesso à informação, discussão política.
Olhando o perfil dessas cidades, fica mais evidente a ligação das pessoas com
sua terra natal.
Revisão
Nos casos em que há muita discrepância entre eleitores e habitantes ou
que há um aumento da transferência de domicílios, a Resolução 22.586/2007, do
TSE, determina que seja feita uma revisão do eleitorado sempre que for
constatado que o número de eleitores é maior que 80% da população, que o número
de transferências de domicílio eleitoral for 10% maior que no ano anterior, e
que o eleitorado for superior ao dobro da população entre 10 e 15 anos, somada
à maior de 70 anos no município.
Fonte: Agência Brasil - Brasília.
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