Pelo menos 18% dos cearenses nunca foram ao oftalmologista, de acordo com uma pesquisa de opinião pública sobre glaucoma.
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O levantamento “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, realizado pelo
Ibope Inteligência, foi aplicado em junho deste ano via internet. A pesquisa
contemplou, além do Ceará, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,
Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Entre estes, o índice cearense
foi o maior.
Em outubro, marcado como Mês Mundial da Visão, o dado acende um alerta
vermelho, conforme explica o oftalmologista e presidente da Sociedade
Brasileira de Glaucoma (SBG), Augusto Paranhos Junior. “Isso mostra um desconhecimento
das doenças, além de uma falta de assistência. Um exame oftalmológico não é tão
acessível assim, dependendo de cada lugar do País, como nos interiores”,
ressalta.
Cuidados
A comerciante Manuele Costa, 38, sentiu a diferença de um diagnóstico
adequado ao recorrer em julho desse ano, após ficar parcialmente sem visão.
“Fui tomar banho e percebi, quando acendi a luz, que não enxergava direito do
olho esquerdo. Isso foi três da manhã de um domingo. Na segunda, corri para
fazer os exames e saber o que era”, relembra.
A médica, recorda Manuele, ficou aliviada com a procura imediata da
paciente. “Se eu tivesse demorado mais um pouquinho seria pior porque toda hora
conta quando o assunto ‘é da vista’. Lá eu descobri que era um ‘trombo’ no
olho”, conta.
Manuele recorreu a uma clínica particular em Fortaleza para um resultado
rápido. Embora a procura por atendimento oftalmológico tenha sido “instintiva”,
a comerciante admite não procurar a especialidade com frequência. “Hoje está
tudo bem com o olho. Mas aquela foi a minha segunda consulta na vida. Minha
primeira foi há 14 anos também por conta de um trombo. Eu sou portadora de
lúpus e tenho que me cuidar mais. Agora prometi a minha família que vou a cada
seis meses”.
O glaucoma, neste contexto em que os pacientes só procuram atendimento
após sintomas mais graves, como a perda da visão, preocupa. Ainda segundo o
Ibope, 42% da população cearense não sabe o que é a doença. “Existe uma célula
que faz comunicação do olho com o cérebro chamada célula ganglionar da retina.
Ela que morre no glaucoma. E, para enxergar, tudo precisa estar funcionando bem
no olho. Contudo, há mecanismos no nosso corpo que fazem com que a gente não
perceba a perda dessa célula e consequentemente, não há sintomas aparentes do
glaucoma”, explica.
Pesquisa
No Ceará, foram 280 entrevistados, a partir dos 18 anos. Destes, 33%
acreditam que a visita ao oftalmologista deve ser frequente somente para quem
usa óculos. Já 13% consideram uma visita ao especialista anualmente somente
quando têm alguma dor nos olhos.
Conforme o presidente da SBG, é preciso ir ao oftalmologista no primeiro
ano de vida. “Se tudo estiver normal até a fase da adolescência, é necessário
retorno apenas por queixa. Ninguém pode passar dos 40 anos sem ir ao
oftalmologista”, alerta o médico.
FOTO: MARCELINO JUNIOR
Fonte: Diário do Nordeste
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