A cerimônia de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a mártir Benigna, prevista para acontecer no dia 21 de outubro, na Sé Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, foi oficialmente adiada pelo Vaticano, que comunicou a Diocese de Crato há cerca de 15 dias, mas não divulgou. Ainda sem data prevista, a decisão foi motivada para evitar aglomerações, como medida de segurança contra o contágio pelo novo coronavírus.
Túmulo de Benigna, futura beata pelo Vaticano (Reprodução/Diário do Nordeste)
Natural de Santana do Cariri, Benigna foi
brutalmente assassinada aos 13 anos de idade, em 24 de outubro de 1941, a golpe
de facas pelo seu vizinho, outro adolescente que a assediava e que tentou
forçá-la a ter relações sexuais com ele. Aclamada como “Heroína da Castidade”,
ela se tornará a primeira beata cearense.
A celebração seria presidida pelo cardeal
Giovanni Angelo Cardeal Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos
Santos, no Vaticano, que representaria o Papa Francisco. É provável que sua
vinda seja mantida, mas para o ano de 2021.
“Não temos ainda uma nova data, mas não será
este ano. Estamos aguardando o Vaticano. Vamos esperar manifestar”, antecipou
padre Paulo Lemos, reitor da Paróquia de Senhora Sant’Ana. A Diocese de Crato
já imaginava que isso aconteceria, já que, em maio, outras duas beatificações,
também foram adiadas. “Foi aí que nosso bispo entrou em contato e recebeu o comunicado
oficial há cerca de 15 dias”, completa o sacerdote.
A morte de Benigna aconteceu no atual distrito
de Inhumas, a dois quilômetros do centro da cidade, onde todo dia 24 de
outubro, data em que foi morta, recebe milhares de pessoas em romaria. Ano passado,
foram cerca de 30 mil fiéis. No entanto, este ano, o evento acontecerá de
formato virtual, semelhante as romarias de Juazeiro do Norte, com celebrações
transmitidas pelas redes sociais. As missas serão restritas a 50% da capacidade
das igrejas. “Também se fosse fazer a festa, demanda uma estrutura de
acolhimento. Ficaria mais difícil”, explica Lemos.
O
processo
A Diocese de Crato abriu o processo de Benigna
em 2011 e, dois anos depois, foi aceito pelo Vaticano. Após ser aprovado, ela
foi aclamada “Serva de Deus”, após apresentar as virtudes necessária, foi
proclamado “Venerável”. Já a beatificação, é primeiro passo para a canonização,
onde a Igreja reconhece oficialmente a fama e o testemunho de santidade de
alguém que viveu e morreu heroicamente, marcado pelas virtudes cristãs.
Na fase inicial, os teólogos investigaram as
virtudes e as circunstâncias da morte. A comprovação de um milagre, critério
necessário para tonar-se beato, é dispensado em caso de martírio. No caso da
menina, que foi assassinada por um adolescente que assediava, os populares
acreditam que “ela deu a vida para não cometer pecado”.
Além da extensa documentação que a equipe
diocesana entrou na sede da Igreja Católica, o Vaticano solicitou, em 2016,
depoimentos de pessoas que viveram entre as décadas de 1940 a 1980, relatando
graças alcançadas e sobre a consciência popular do martírio de Benigna. Com a
aprovação da Comissão dos Teólogos, a fase mais longa do processo, restou aos
bispos discutirem a aprovação da beatificação da menina para, em seguida,
encaminhar para o Papa.
Fonte:
Diário do Nordeste
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