O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (1º) que o auxílio emergencial será reduzido para R$ 300 e que o novo valor será concedido por quatro meses. A quantia representa metade da concedida nos primeiros cinco meses do programa.
O valor e o período
de extensão do benefício foram definidos na segunda-feira (31), em reunião
entre Bolsonaro com o ministro da Economia, Paulo Guedes. No encontro, o
ministro, que defendia novas parcelas de R$ 200, cedeu ao apelo do presidente.
Nesta terça, o presidente
se reuniu, no Palácio da Alvorada, com líderes partidários para defender que o
valor não seja alterado pela Câmara. Para estabelecer o novo valor, o
presidente enviará uma medida provisória ao Congresso.
Isso porque a lei que
rege o auxílio emergencial permite a prorrogação por ato do Executivo sem a
necessidade de validação do Legislativo, mas desde que fosse mantido o valor
original de R$ 600.
"Nós resolvemos
prorrogá-lo por medida provisória até o final do ano. E o valor, como vínhamos
dizendo, é muito para quem paga", disse Bolsonaro. "Nós decidimos
aqui, atendendo a economia, em cima da responsabilidade fiscal, fixá-lo em R$
300", acrescentou.
O presidente fez o
anúncio à imprensa no Palácio da Alvorada. Com a exceção de Guedes, que só a
retirou para discursar, os demais participantes não usaram máscara de proteção
durante a conversa com jornalistas.
O anúncio foi feito
simultaneamente à divulgação da retração inédita de 9,7% no PIB (Produto
Interno Bruto) do segundo trimestre. Questionado pela reportagem,
o presidente se recusou a comentar a queda da atividade econômica.
No anúncio, estavam
ao lado do presidente, além de integrantes da equipe de governo, dirigente do
centrão, como o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e o presidente nacional do
PP, senador Ciro Nogueira (PI).
"Existe hoje uma
sintonia muito grande entre Executivo e Legislativo para que a gente possa
retomar a agenda de reformas", disse o líder do governo no Senado,
Fernando Bezerra (MDB-PE). "A discussão do Renda Brasil vem após o auxílio
emergencial para que a gente possa apresentar o maior programa de solidariedade
social da história do Brasil", acrescentou.
A medida provisória
do auxílio emergencial tem força de lei imediata, embora o Congresso possa
mudar o valor durante a tramitação. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
porém, já sinalizou a Bolsonaro que o Congresso aceitaria o novo valor a ser
proposto pelo governo.
"Nós [os
congressistas] temos responsabilidade", afirmou Maia neste mês. Segundo
ele, a análise deve considerar o impacto da medida nas contas públicas.
A prorrogação do
auxílio emergencial ocorre em meio às dificuldades da equipe econômica de criar
um novo programa social que represente uma expansão em relação ao Bolsa
Família.
O auxílio emergencial
foi criado originalmente para durar três meses (tendo como base os meses de
abril, maio e junho). Depois, o governo prorrogou por duas parcelas (julho e
agosto). O valor de R$ 600 foi mantido em todo esse período.
Inicialmente, Guedes
propôs parcelas de R$ 200 por beneficiário. O Congresso pressionou por um
aumento para R$ 500, mas o valor acabou fechado em R$ 600 após aval do
presidente Jair Bolsonaro.
O auxílio emergencial
é a medida mais cara do pacote anticrise, e já demanda R$ 254,4 bilhões em
recursos considerando as cinco primeiras parcelas.
O programa foi
instituído após o agravamento da crise de saúde, com o objetivo de dar
assistência a trabalhadores informais, fortemente impactados pelas políticas de
isolamento social e restrições de circulação nas cidades.
As discussões sobre
os próximos passos do auxílio emergencial foram ligadas ao ritmo de abertura
das atividades econômicas pelo país. Diferentes estados e cidades relaxaram as
medidas de isolamento, permitindo a volta ao trabalho.
O secretário do
Tesouro Nacional, Bruno Funchal, já afirmou que o tamanho do auxílio
emergencial é menor hoje. "Certamente a necessidade dessa dimensão é muito
menor do que em março, no início [da pandemia], quando o Brasil praticamente
parou", disse Funchal recentemente.
Embora o Legislativo
tenha liberado o governo para ampliar gastos relacionados à pandemia do novo
coronavírus neste ano, a equipe econômica busca evitar uma explosão de gastos
e, por consequência, de endividamento público.
Com o cenário atual,
técnicos já esperam que a dívida bruta do governo vai ficar perto de 100% do
PIB (Produto Interno Bruto) ao fim do ano. No encerramento do ano passado, o
patamar estava em 75,8% do PIB.
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