A manhã deste sábado (29) foi de apreensão e angústia para os familiares dos detentos de 10 instituições prisionais do Ceará. Tomados por um misto de ansiedade, alívio e felicidade, pais, mães e irmãos dos presidiários puderam retomar as visitas, após cinco meses de paralisação provocada pelas restrições da pandemia do novo coronavírus. A medida, de início, vale para seis unidades prisionais em Itaitinga (CE), 2 em Aquiraz (CE), uma em Caucaia (CE) e outra em Fortim (CE).
As visitas seguem neste domingo (30), de 8h até
12h, nos 10 presídios liberados. A lista das unidades prisionais aptas a
receber os visitantes será atualizada a cada semana, no site da Secretaria da
Administração Penintenciária do Estado (SAP).
Na entrada do Complexo Penitenciário Estadual
Itaitinga II, idosos aguardavam seus parentes realizarem as visitas. Grupo de
risco da covid-19, pais e mães de terceira idade não estão autorizados a ver os
filhos pessoalmente. Cada visitante pode ter 20 minutos em contato com os
presidiários.
Mesmo sem entrar, a dona de casa Josenilda Lima,
61, moradora do Pici, em Fortaleza, decidiu esperar, da entrada do Complexo, a
filha visitar o filho. “Se eu tivesse em casa, teria sido pior, ficava mais
ansiosa. Se Deus quiser, vou saber uma boa notícia dele, que é um ser humano.
Todos nós temos o direito de ter uma segunda chance”, disse a mãe.
Durante os cinco meses de suspensão das visitas,
Josenilda chegou a ficar sem comer e dormir. E quando soube do retorno da
visitação, anunciada na última quarta (26), a dona de casa ficou ainda mais
ansiosa. “Só quero que ele esteja bem, e não tenha sentido nada sobre o vírus.
Se minha filha disser ‘mãe, eu vi ele’, já vai ser uma felicidade”, ponderou
ela.
Tensão
Seu Antônio Pereira da Silva, prático de navio,
admite que não é fácil ter um filho preso. “Minha esposa entrou, e eu tô aqui
no meio do sol, no sofrimento”, comentava, sobre a tensão da espera pela
visita. Durante o período sem visitas, ele não esconde como manteve uma
preocupação contínua sobre o estado do filho – tanto em relação ao contágio do
coronavírus, como pelos riscos de se viver confinado dentro da prisão.
Com a retomada da visitação, Antônio se alegrou
mais, mas sem perder o tom crítico sobre a responsabilidade social pela
situação dos presidiários. “Realmente houve esse bom senso (da volta das
visitas). Mas os presos estão aí dentro, cara, por culpa da própria sociedade.
Que rouba a educação, a saúde. E fica gente cheia da grana, tudo numa boa,
esnobando as pessoas”, aponta.
Normas
O visitante deve usar máscara de proteção
durante todo o tempo em que estiver dentro do presídio; e passará por
higienização das mãos e verificação de temperatura, além de declarar que está
apto para realizar a visita. Estão proibidas as entradas de crianças,
gestantes, idosos e demais pessoas do grupo de risco para a Covid-19.
A SAP detalha ainda que presos que se encontram
no grupo de risco não podem receber visitas; e que o detento e o visitante
devem permanecer a 1,5 metro de distância, sem contato físico. A Pasta liberou
também a entrega de materiais aos internos, como água mineral, produtos de
higiene e limpeza, além de vestuário, cama e banho.
Fonte:
Diário do Nordeste
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