Entraram em vigor hoje (03/08) as novas especificações da gasolina automotiva. Estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), as características visam reforçar a qualidade da gasolina brasileira e melhoram a autonomia dos veículos, reduzindo o consumo pelos motoristas. Além disso, também tem menores níveis de emissões atmosféricas e dificulta fraudes no composto, como o uso de solventes.
Um dos postos da cidade de Altaneira já se prepara para receber a nova gasolina (Foto: Jonathan Soares)
Apesar de o novo padrão já estar valendo, distribuidoras terão prazo
adicional de até 60 dias para se readequarem ao setor, enquanto postos terão
até 90 dias para reorganizarem a venda do novo combustível.
A revisão
contempla três pontos principais: o estabelecimento de valor mínimo de Massa
Específica (ME); valor mínimo para a temperatura de destilação; e a fixação de
limites para a octanagem. No entanto, motoristas não precisarão realizar
alterações para se adequarem à nova fórmula, conforme explica o integrante do
Núcleo de Pesquisas em Lubrificantes do Departamento de Engenharia Química da
UFC, Expedito Parente Junior.
Ele relembra
que a gasolina comercializada já é uma mistura com o etanol, o que reduz quaisquer
danos. "A nova gasolina vem para melhorar o desempenho dos motores. Então,
ela é misturada e todo o efeito dela acaba sendo amortecido pelo etanol, por
ser um combustível renovável", diz.
A alteração
na Massa Específica é um dos pontos alterados, definida pela densidade do
produto. Quanto mais denso, maior a capacidade do produto em produzir energia.
Antes da nova especificação, não existia um valor mínimo para a ME. Com a nova
resolução, o valor passa a ser de 715,0 kg/m3 - o que significa mais energia e
menos consumo para o motorista.
Mudanças na
octanagem da gasolina também fazem parte da novidade. O índice de octanagem é o
nível de resistência da gasolina ao motor quando é dada a partida em um carro.
Durante o processo, o combustível sofre uma pressão dentro do motor do veículo
e compressa a gasolina - no caso, quanto maior a resistência do produto, maior
a sua octanagem. O valor 100 é a base do índice, influenciado pelo composto
químico mais resistente às reações no veículo.
Antes da
nova resolução, o índice de medição brasileiro era realizado através do Índice
Antidetonante (IAD) com a Research Octane Number (RON). Existem dois parâmetros
de octanagem: o Motor Octane Number (MON) e o RON.
O IAD
exigido para a gasolina brasileira era de 87 octanos. Com as mudanças, o valor
mínimo de octanagem para a gasolina comum será de 92. Já para a gasolina
premium, produto que contém aditivos que reforçam sua resistência, o número de
octanos será de 97. A partir de 1º de janeiro de 2022, a octanagem mínima
aumentará para 93.
O outro
ponto da resolução estabelece um valor mínimo para a temperatura de destilação
do combustível em 50% (T50) para a gasolina A, com temperatura de ebulição de
77,0 ºC - ou seja, é mais difícil do composto passar do estado líquido para o
estado gasoso. Os parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do
motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.
"Todas
essas três propriedades estão relacionadas. Quando há uma diminuição da
volatilidade do combustível, isso evita falhas, principalmente, em momento de
partidas do veículo. Pois quanto menos volátil, mais vantajoso para o
motorista", explica o pesquisador.
O impacto no
preço é uma das principais mudanças com a nova gasolina. Expedito expõe que a
especificação anterior não existia um limite para a densidade e pagávamos menos
massa por volume. Com a novidade, a mistura virá mais densa e terá mais
conteúdo energético pela mesma quantidade de volume. Ou seja, há a
possibilidade de pagarmos mais caro pela mesma quantidade de combustível devido
as alterações - no entanto, benéficas para motorista e para o veículo.
Especialista
em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves avalia que as novas regras
também ajudarão no combate ao combustível adulterado. Dessa forma, apesar do
possível aumento do preço, a qualidade deve ser melhorada e o motorista rodará
mais com menos combustível. A estatal afirma que toda a gasolina comum
produzida em suas refinarias já tem octanagem RON 93.
A Petrobras
explica que o preço do combustível é definido pela cotação no mercado
internacional e outras variáveis como valor do barril do petróleo, frete e
câmbio. Os fatores podem variar para cima ou para baixo e são mais influentes
no preço do que o custo adicional de especificação. A estatal é responsável por
cerca de 30% do preço final da gasolina nos postos de serviço.
Com
informações portal O Povo Online
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