O Ministério da Economia avalia que o auxílio emergencial pode ser estendido até dezembro. Embora membros da pasta mencionem preocupação com o impacto fiscal da medida, há o entendimento que pressões políticas podem levar à prorrogação.
O auxílio emergencial já demanda R$ 254,2
bilhões e representa a medida mais cara do pacote anticrise. O programa foi
criado para durar apenas três meses, com valores concedidos em abril, maio e
junho. Depois, foi prorrogado por dois meses (até agosto).
Técnicos do Ministério da Economia dizem que
o programa tem um custo mensal aproximado de R$ 50 bilhões. Por isso, a
prorrogação com as mesmas regras até o fim do ano faria o custo total chegar a
R$ 450 bilhões (quase cinco vezes o rombo de todo o governo em 2019, de R$ 95 bilhões).
O ministro Paulo Guedes (Economia) defende um
valor de R$ 200. Ele entende que esse valor representa aproximadamente a média
recebida no Bolsa Família, e que portanto o auxílio não poderia ser maior do
que isso.
No entanto, Guedes já defendia uma redução
para R$ 200 em maio caso a medida fosse prorrogada, e o governo estendeu o
auxílio por mais dois meses mantendo a quantia de R$ 600.
A prorrogação do benefício pelo valor de R$
600 dispensa novo aval (e possível derrota) no Congresso. Isso porque a lei do
auxílio permite a extensão por ato do Executivo, mas mantendo os valores
previstos na proposta (de R$ 600 ao mês).
A equipe econômica sempre defendeu que a
medida fosse temporária e não se prolongasse, mas a partir de maio amenizou o
discurso e passou a admitir extensões (embora defendendo valores menores).
Desde que foi desenhado, para durar três
meses, o auxílio emergencial é alvo de interesse no mundo político,
principalmente em torno dos valores concedidos. O valor de R$ 600 só foi
alcançado após embates entre Executivo e Legislativo durante a formatação da
proposta.
Guedes propôs inicialmente uma quantia de R$
200 e o Congresso pressionou por uma elevação para R$ 500. Depois, o governo
aumentou para R$ 600 para ficar com a paternidade do valor concedido.Apesar
disso, Guedes considera que a disputa prejudicou o formato do auxílio,
entendendo que a medida poderia durar mais se tivesse um valor mais baixo.
As novas discussões sobre o auxílio
emergencial coincidem com a retomada das agendas do presidente Jair Bolsonaro,
que fez recentemente viagens ao Nordeste (região com grande número de
beneficiários dos programas do governo) e chegou a tirar fotografias em meio a
moradores locais usando chapéu de cangaceiro.
Neste domingo (2), Bolsonaro falou sobre o
auxílio emergencial. Apesar de não mencionar a possível prorrogação até o fim
do ano, ele criticou quem defende que a medida seja permanente.
"Alguns estão defendendo o auxílio
indefinido. Esses mesmos que quebraram os estados deles, esse mesmo governador
que quebrou seu estado, está defendendo agora o [auxílio] emergencial de forma
permanente. Só que, por mês, são R$ 50 bilhões. Vão arrebentar com a economia
do Brasil", disse o presidente.
FOLHAPRESS
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