No Ceará, 40% dos casos confirmados de Covid-19 são de
pessoas com idade entre 25 e 44 anos. Apesar de não constituírem faixa etária
de risco — composta por indivíduos a partir dos 60 anos —, são pessoas que
precisam continuar em alerta e tomando os cuidados necessários para conter
contágio do novo coronavírus, como uso de máscara e limpeza das mãos, não se
aglomerar e evitar locais fechados.
O Ceará alcançou oficialmente 198.252 casos confirmados de Covid-19 e
8.172 mortes pela doença, conforme a atualização da plataforma IntegraSUS, da
Secretaria da Saúde (Sesa), às 17h33min de ontem, 17. Do total de mortos em
decorrência da Covid-19, 488 foram pacientes entre 25 e 44 anos. O que
corresponde a 6% do total.
Foram 561 novos casos confirmados em 24 horas e mais 39 mortes
contabilizadas no Estado em relação ao domingo, 16. De acordo com a Sesa, cinco
dessas mortes por Covid-19 efetivamente aconteceram nas últimas 24 horas. Há
87.799 casos em investigação e 169.373 pessoas já estão recuperadas da
enfermidade. A letalidade da doença está em 4,1%.
O infectologista Keny Colares, médico do Hospital São José de Doenças
Infecciosas e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), explica que
apesar de registrar menor risco de agravamento, essa faixa etária tem mais
chances de infecção. "São os mais ativos, têm menos medo, é comum que se
exponham mais. Eles têm baixo risco. Como tudo é proporção, se muita gente
nessa idade se infectar, vão aparecer mais casos de agravamento. E não podemos
esquecer que temos casos de adultos jovens que vão a óbito", alerta Keny,
que integra o Coletivo Rebento - Médicos em Defesa da Ética, da Ciência e do
SUS.
Ele frisa as incertezas da comunidade científica acerca do tempo de imunização das pessoas que já foram infectadas. "Precisam saber que mesmo já tendo sido infectado, não tem garantia de que não vai se infectar. Têm que evitar sair de casa, ficar o mais distante possível das pessoas ao sair de casa, utilizar máscara de forma correta, evitar ambientes fechados. Abrir janelas, deixar o vento entrar. Nenhuma das proteções é 100%, mas protege em boa parte", acrescenta. Além disso, muitas pessoas jovens possuem comorbidades como problemas cardíacos, pulmonares, renais, diabetes e hipertensão.
Roberto da Justa, médico infectologista do Hospital São José de Doenças
Infecciosas e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que o
número de pessoas entre 25 e 44 infectadas é certamente maior. "Com esses
números, estamos falando só das pessoas que adoeceram e foram identificadas.
Mas o número é muito maior", diz.
"É um grupo relevante também como transmissor. É a faixa etária
mais produtiva socioeconomicamente. Tiveram tendência de menos isolamento e são
os que mais se deslocam pela cidade", explica Justa, que integra o
Coletivo Rebento.
"Se você observar a pirâmide da Itália (que teve aumento de casos entre jovens), tem a base bem estreita e população idosa grande. Ainda temos muitos jovens. Essa preocupação de ter maior circulação com a flexibilização é maior no Brasil do que na Itália. Temos maior proporção de pessoas nessa faixa etária", relaciona.
Por:
O Povo.
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