O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugeriu nesta sexta-feira (31), durante visita a Bagé, no Rio Grande do Sul, que as pessoas "enfrentem" a Covid-19 já que, segundo ele, "todos vocês vão pegar um dia". Mais de 91 mil pessoas já morreram por causa do coronavírus no país.
"Eu
estou no grupo de risco. Agora, eu nunca negligenciei. Eu sabia que um dia ia
pegar. Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do
quê? Enfrenta!", disse após causar aglomeração, tirar a máscara e segurar
crianças durante sua passagem pela cidade gaúcha para inaugurar uma escola
cívico-militar e e entregar as chaves de residências populares.
"Lamento.
Lamento as mortes. Morre gente todos os dias de uma série de causas. É a vida,
é a vida. Minha esposa agora está [contaminada]. Depois de quase eu mês que
peguei o vírus, ela pegou", acrescentou Bolsonaro.
Mesmo
sem evidências científicas da eficácia da cloroquina para o tratamento da
doença, Bolsonaro voltou a mostrar uma caixa do medicamento ao público.
O
presidente foi recebido na em Bagé com uma referência à ditadura militar
(1964-1985), período que deixou mais de 400 opositores mortos e desaparecidos.
O
automóvel Landau utilizado pelo ex-presidente Emílio Garrastazu Médici
(1969-1974) aguardava Bolsonaro no aeroporto da cidade, onde seu avião
aterrissou por volta das 11h30.
O
Landau, com placa de 1972, foi doado para a prefeitura da cidade e integra a
frota do município. Médici é natural de Bagé. Durante a ditadura, ele cassou
políticos e escolhia governadores. O governo de Médici foi marcado por torturas
e mortes.
Recentemente,
Bolsonaro homenageou Médici, presidente considerado o mais violento da
ditadura, ao lançar o Plano Safra. "Quero render uma homenagem aqui que,
no passado, propiciou isso a todos nós, que foi o presidente Emílio Garrastazu
Médici. Ele teve a ideia de criar a Embrapa e mandar jovens filhos de
agricultores para fora do Brasil para buscar o que tinha de melhor no
mundo", disse.
Bolsonaro
visitou Bagé para inaugurar uma escola do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares
(Pecim). Na escola São Pedro, de ensino fundamental, Bolsonaro escutou um poema
declamado por uma prenda, como são chamada as mulheres no movimento
tradicionalista. Depois, um gaiteiro se apresentou improvisando rimas em
homenagem ao presidente.
Acompanhado
dos ministros Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e Augusto Heleno,
do Gabinete de Segurança Institucional, Bolsonaro almoço com militares no 3º
Regimento de Cavalaria Mecanizado.
Depois
do almoço, fechado para a imprensa, Bolsonaro fez a entrega simbólica de 1.164
residências do programa MInha Casa Minha Vida. Os conjuntos habitacionais
receberam R$ 87,3 milhões em investimentos federais.
O
programa foi criado durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). criado no governo petista. As obras em Bagé iniciaram em 2017, durante a
gestão de Michel Temer (MDB), que sucedeu Dilma Rousseff (PT) após o
impeachment.
Bolsonaro
visitou nesta semana outra obra iniciada em gestões passadas, licitada no
governo de Dilma e continuada por Temer. Bolsonaro esteve em São Raimundo
Nonato, no Piauí, para inaugurar uma adutora do Rio São Francisco.
Em
junho, Bolsonaro esteve no Ceará para inaugurar, novamente, um trecho da
transposição do rio São Francisco, em Penaforte, no Ceará, também uma obra com
origem em gestão petista.
FOLHAPRESS
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