A derrota do governo na proposta de emenda à Constituição (PEC) do Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) na Câmara dos Deputados foi uma amostra de que a tão sonhada base governista com partidos do chamado ‘centrão’ no Congresso não será irrestrita, como é o caso do apoio que o presidente Jair Bolsonaro tem de parlamentares bolsonaristas.
O governo
ensaiou um teste desta base: mandou uma proposta que foi duramente rechaçada e
acabou sendo derrotado. Mas não foi para o embate. Buscou um acordo, e ainda
tenta vender que a derrota do governo, que não conseguiu emplacar pontos
enviados no fim de semana, tratou-se de uma vitória - o que não foi.
No Congresso,
já se fala que o ‘centrão’ está dividido entre os chamados ‘puro sangue’, que
aceitam as propostas do governo de forma mais receptiva e atuam conforme os
interesses do Planalto (seriam o PP, PSD, PL e Republicanos), e os mais
‘moderados’, que dialogam, mas não recuam em pautas consideradas importantes
(que seriam, por exemplo, o Solidariedade, Patriota e Avante).
E é claro que
a pauta da Educação tem um apelo muito grande entre parlamentares, que recebem
cobranças da população e de entidades representativas. Deputados afirmam que
não dá para votar contra a Educação. Para o líder de um partido consultado pelo
Correio, o governo percebeu que se fosse ao enfrentamento, iria sofrer uma
derrota mais sonora. De acordo com este parlamentar, é notório que o ‘centrão’
é uma base com instabilidade, que segue ao lado do governo “até certo ponto”.
O ‘centrão’,
que ganhou espaço no governo nos últimos tempos, com cargos em ministérios, foi
chamado para ajudar o Planalto. Na segunda e terça-feira, o ministro Luiz
Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), interlocutor do governo, se reuniu com
lideranças de diversos partidos, incluindo PP, Republicanos e Solidariedade.
Na conversa,
Ramos pediu mais tempo para conseguir articular a proposta enviada pelo governo
no fim de semana. Pediu também apoio na ideia de um Fundeb só a partir de 2022,
uma fatia de 5% para o Renda Brasil (que deve substituir o Bolsa Família) e um
teto de 70% para pagamento de profissionais da educação. O projeto aprovado
acabou sem nenhuma delas.
Um
parlamentar de um partido do centrão disse à reportagem encarar que, no fim, o
governo acabou sendo prudente. “Não podia correr o risco de testar a sua base
em um tema como este”, disse. Segundo ele, o governo tem percebido que ações
assistencialistas - como o auxílio emergencial - dão resultado, e por isso o
ministro Paulo Guedes (Economia) resolveu enviar, ainda que de última hora, a
proposta dos 5% para o Renda Brasil, sem pensar bem no “reflexo político”.
“Nunca foi
fácil manter o centrão, fazer essa negociação. O governo sabe disso, e tem
procurado se alinhar”, disse este mesmo deputado de um partido que integra o
centrão. A redução das falas polêmicas, dos embates com os outros poderes, são
todos reflexos desse alinhamento de um governo que percebeu não ter
governabilidade, e que busca passar a ter.
“Não dá para
governar só com as pessoas ligadas com as ideias deles. Não dá para governar só
com ala ideológica e militares. Mas não vai ter votação fechada. Tem que ter
discussão”, disse o deputado.
Com
informações portal Correio
Braziliense
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