A maioria da população considera o presidente Jair Bolsonaro pouco
inteligente e tem avaliação negativa sobre outras características pessoais dele,
segundo pesquisa do Datafolha.
De acordo com pesquisa do
instituto feita terça (23) e quarta-feira (24), 54% dos entrevistados dizem que
ele é "pouco inteligente", ante 40% que o consideram "muito
inteligente". Não souberam responder 6%.
A margem de erro é de dois pontos
percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas de todo o
país por telefone, modelo que evita o contato pessoal entre pesquisadores e
entrevistados e exige questionários mais rápidos.
Os números mostram uma inversão das
taxas em relação à ocasião anterior em que essa pergunta foi feita, em abril do
ano passado, quando o presidente estava apenas em seu quarto mês de mandato.
Naquela pesquisa, 58% disseram
achar o presidente muito inteligente, ante 39% com avaliação oposta.
A percepção da inteligência do
ocupante da Presidência pelo eleitorado foi pesquisada em mandatos anteriores
pelo instituto. Os outros dois presidentes eleitos antes de Bolsonaro, os
petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, não tiveram maioria
questionando sua inteligência.
A porcentagem dos que avaliavam
Lula como muito inteligente esteve entre 52% e 69% em pesquisas feitas de 2003
a 2006. Em relação a Dilma, o índice de quem a considerava muito inteligente
variou de 66% a 85% de 2011 a 2015.
Após a publicação da pesquisa
feita em abril do ano passado, Bolsonaro ironizou o questionamento sobre a
percepção da inteligência pelo eleitorado e a comparação com os resultados
obtidos pelos petistas. "Kkkkkkkk", escreveu ele em rede social.
A má avaliação de Bolsonaro nesse
quesito piora ainda mais em alguns recortes da população que se mostram
refratários à figura do presidente. Um dos destaques é a visão crítica a ele
dos jovens de 16 a 24 anos: 67% o veem como pouco inteligente. Entre eleitores
com curso superior, grupo hoje distante do presidente, embora o avaliasse bem
antigamente, 61% desconfiam da inteligência do mandatário.
No outro campo, a imagem
presidencial é bem vista nesse item entre eleitores do Sul do país, que desde a
época da campanha eleitoral constituem uma das bases do bolsonarismo. Na
região, 48% o veem como muito inteligente, taxa que cai para 35% entre
entrevistados do Nordeste.
A taxa pró-Bolsonaro vai a 65% ao
se levar em conta apenas entrevistados que afirmam que estão "vivendo
normalmente" durante a pandemia da Covid-19, sem evitar sair de casa nem
se isolar.
A pesquisa mais recente do
Datafolha mostrou que o presidente permanece com avaliação positiva de cerca de
um terço do eleitorado. Consideram seu governo ótimo ou bom 32% dos
entrevistados, ante 44% que o consideram ruim ou péssimo. A tendência desde o
ano passado é de um aumento da rejeição.
Na mesma pesquisa desta semana, o
Datafolha também questionou os entrevistados sobre outras características
pessoais de Bolsonaro. Nas oito perguntas dessa série, a avaliação negativa foi
preponderante.
A maioria considera o presidente
despreparado para o cargo (58%), autoritário (64%), incompetente (52%) e
indeciso (53%). Para 58%, ele respeita mais os ricos, ante 18% que acham que respeita
mais os pobres.
A favor de Bolsonaro, está a
imagem de honestidade. Para 48%, ele é honesto –outros 40% o consideram
desonesto. No quesito sinceridade, há empate técnico: 48% o consideram sincero,
enquanto 46% entendem que ele é falso.
FOLHAPRESS
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