Pelo menos 137
profissionais da área da saúde foram afastados das funções por suspeita ou
confirmação de contaminação pelo novo coronavírus, até esta quarta-feira (15).
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 28 deles já tiveram os
testes positivos para Covid-19. Além disso, quatro profissionais morreram em
decorrência da doença, mas a Secretaria da Saúde não forneceu informações sobre
os casos específicos.
O Ceará superou a marca
de 2 mil casos de Covid-19. Ao todo, foram confirmados 2.146 registros e 111
mortes, até esta quarta-feira.
Entre os profissionais
que atuam diretamente no trabalho com pacientes diagnosticados com Covid-19,
médicos, dentistas, enfermeiros e técnicos ou auxiliares em enfermagem são os
mais atingidos pelo vírus. Os números são de um levantamento feito pela Sesa,
com base em dados da Secretaria Executiva de Planejamento e Gestão Interna.
Os profissionais da
saúde que já tiveram os exames confirmados para coronavírus são das seguintes
funções:
·
8 técnicos, auxiliares ou assistentes de enfermagem
·
5 médicos
·
3 três enfermeiros
·
1 dentista
·
1 atendente de consultório dentário
·
1 técnico de laboratório
·
9 profissionais ligados em outras atividades da
saúde
A Sesa também divulgou
que outros 109 profissionais estão com suspeita da doença no estado. Na lista
estão assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
nutricionistas, farmacêuticos, técnicos de laboratórios e técnicos de
radiologia.
Mortes por Covid-19
Entre as quatro mortes
de profissionais da saúde ligados ao enfrentamento da Covid-19 está a de um
maqueiro de 51 anos de idade, que trabalhava como prestador de serviços no
Instituto Dr. José Frota (IJF). A morte foi confirmada nesta terça-feira pela
própria unidade hospitalar.
Outro caso confirmado
pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-CE), nesta terça-feira, foi a morte
de uma técnica de enfermagem ligada à rede estadual de saúde. Ela estava
internada no Hospital São José, em Fortaleza, e faleceu em decorrência de
complicações ocasionadas pelo coronavírus.
No dia 10 de abril, uma
médica morreu na cidade de Iguatu, interior do Ceará, conforme a Secretaria
Municipal de Saúde. Ela ficou internada na unidade de terapia intensiva (UTI)
do Hospital São Camilo por mais de dez dias. A médica chegou a ser entubada,
mas não resistiu à infecção pulmonar.
Já o Sindicato dos
Médicos do Ceará (Sindimed-CE) confirmou no dia 2 de abril a morte de um médico
radiologista de 43 anos em decorrência da Covid-19. O profissional morreu em
decorrência de encefalite viral provocada pela infecção pelo coronavírus.
A Secretaria da Saúde do
Ceará informou que não detalha mais casos específicos sobre as mortes em
decorrência do coronavírus.
O médico Edmar
Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Sindimed-CE), analisa
os dados com receio.
“Está caindo os soldados
que estão lutando nessa guerra. São os grandes protagonistas nessa luta. É por
eles que saem os diagnósticos e também a intubação de pacientes mais graves.
Por isso a nossa luta pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Como no
mundo, a expectativa é que 20% dos profissionais sejam atingidos”, explica o
presidente.
Outras ações estão sendo
tomadas pelo Sindimed-CE. Diante do aumento preocupante de casos de Covid-19 e
a constante exposição a agentes insalubres biológicos, junto a pacientes e
objetos hospitalares infectados pelo vírus SARS-CoV-2, a entidade, através da
de assessoria jurídica, ajuizou, na semana passada, Ação Coletiva com Pedido de
Tutela de Urgência, em face do Município de Fortaleza e do Instituto Doutor
José Frota (IJF).
A classe solicitou o
reconhecimento e majoração dos adicionais de insalubridade para o grau máximo,
de 40%, em virtude do estado de exposição permanente dos médicos.
Na percepção de Ana
Paula Brandão, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará
(Coren-CE), os números dos profissionais afastados são preocupantes.
“Os enfermeiros,
técnicos e auxiliares são os primeiros a receber esses pacientes. A redução
desses profissionais pela doença vai diminuir o poder de atendimento do Sistema
Único de Saúde (SUS)”.
Ana Paula Brandão conta
ainda que a entidade tem uma grande preocupação com a atenção primária na
capital cearense. “É onde detém o maior numero de casos e denúncias. O
profissional de enfermagem que está trabalhando na Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) está atuando todos os itens necessários, mas quem está na atenção básica
não vem recebendo os devidos cuidados”.
Fonte: G1 CE
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