A advogada brasiliense Daniela Teixeira recebeu uma
ótima notícia nesta semana quando soube que seu segundo exame para o novo
coronavírus deu negativo. Ela foi a primeira paciente do Distrito Federal a ter
sido curada do contágio, após semanas de medo e apreensão. Ela conversou com a
Agência Brasil sobre a experiência e destacou a importância das ações de
prevenção e combate à epidemia.
A paciente foi a primeira do Distrito Federal | Arquivo Pessoal |
Agência Brasil – Como ocorreu a
infecção?
Daniela Teixeira -
Fui infectada no dia 6 de março, na Conferência da Mulher Advogada. Várias
amigas começaram a apresentar os sintomas e tiveram exames dando positivo. Eu
fiz o exame, embora não estivesse com sintomas. Ainda tinha facilidade para
isso, pois o laboratório onde fiz realizava em casa. Aí deu positivo.
Agência Brasil – E o que você fez
após saber que estava com o novo coronavírus?
Daniela Teixeira –
Fui muito bem atendida pela Secretaria de Saúde [do DF]. Seguimos as instruções
da secretaria de isolamento total. Ninguém entrava na minha casa. E os quatro
que moram aqui em casa, meu marido e dois filhos, ficaram comigo para não
disseminar o vírus. Porque se saíssem poderiam levar para outros. Fizeram exames
e deram negativo. Ficamos totalmente isolados. Tive dor de cabeça, sintomas
muito leves, de gripe, mal estar generalizado. Mas nada sério.
Agência Brasil – Como você se
sentiu neste período? Quais foram as maiores dificuldades?
Daniela Teixeira – Se
as pessoas estão com medo de pegar, imagina para quem deu positivo. Qualquer
sintoma você fica com medo de evoluir, porque vemos casos de rápida piora. Das
minhas colegas infectadas, temos três internadas na UTI [Unidade de Tratamento
Intensivo]. É um medo constante de contaminar alguém da família e de
apresentar sintoma.
Agência Brasil – E como você
descobriu que estava curada?
Daniela Teixeira -
Quando eu fiz o primeiro [teste], não tinha dificuldade. Várias de nós quando
recebemos a notícia da primeira coleta, muitas de nós fomos fazer o exame.
Agendava e ia fazer em casa. Como o meu deu positivo, tive acompanhamento da
Secretaria de Saúde. Até porque eu poderia a qualquer momento evoluir o quadro.
Fiz exame na sexta-feira [20 de março] novamente porque não estava apresentando
sintomas. E saiu o resultado.
Agência Brasil – O que você
pensou após receber o exame negativo e como avaliou essa experiência?
Daniela Teixeira – O
pior sintoma é o medo. Essa é mensagem que temos que passar. Que a pessoa
acredite no vírus. Meu medo de ter passado vírus para minha mãe e minha irmã,
que tem problema de coração. Eu peguei o vírus trabalhando, nunca imaginei. É
muito importante fazer essa quarentena, que consiga diminuir [o contato].
Aprendi também como faz falta abraço. Como é ficar em casa e não abraçar um
filho, uma filha. Minha irmã fez aniversário e só pude dar um tchau pela
janela. Não pudemos sair para comprar comida. Estamos vivendo um momento muito
surreal. A vida fica totalmente limitada.
Ag.Brasil.
0 Comentários