O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (26) que a sua
palavra vale mais do que a cópia de seu exame médico que, de acordo com ele,
deu negativo para o contágio de coronavírus.
Presidente Jair Bolsonaro | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Nesta quinta-feira (26), completam duas semanas desde que o presidente
realizou o primeiro exame. A reportagem já solicitou duas vezes a cópia do
laudo médico, mas a Presidência da República se nega a informar.
Na entrada do Palácio da Alvorada, onde concedeu uma entrevista à
imprensa, o presidente ironizou uma pergunta da reportagem sobre se ele
divulgaria o resultado como uma medida de transparência.
"Você dorme comigo?", questionou. "Eu estou bem, cara,
tranquilo. E nunca tive problema não. Já pensou que prato feito para a imprensa
se eu tivesse infectado? Não estou. É a minha palavra. A minha palavra vale
mais do que um pedaço de papel", acrescentou.
No final da conversa com os veículos de imprensa, o presidente voltou a
fazer a provocação e, na sequência, disse que estava brincando e pediu
desculpas.
"Vai dormir comigo ou não? É brincadeira, pessoal. Desculpa
aí", afirmou.
O presidente realizou dois exames: nos dias 12 e 17. Para ambos, disse
que o resultado foi negativo. Nesta quinta-feira (26), subiu para 25 o número
de pessoas que tiveram contato com Bolsonaro e cujos resultados foram positivos
para a doença.
O Hospital das Forças Armadas, que atendeu o presidente, apresentou ao
governo do Distrito Federal uma lista de infectados com o novo coronavírus, mas
omitiu os nomes de duas pessoas que receberam resultado positivo do exame.
Na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente voltou a defender a
utilização de cloroquina para o tratamento de pacientes em estado grave. Até o
momento, no entanto, não há comprovação cientifica de que a substancia é
realmente eficiente.
"Se a minha mãe for acometida disso [doença] e ela tem 93 anos, eu
assino o termo de responsabilidade e dou a pastilha para ela", afirmou.
Bolsonaro minimizou ainda as críticas feitas a ele pelo governador de
Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Após o pronunciamento do presidente em cadeia
nacional, o antigo aliado do presidente anunciou que não havia mais diálogo com
ele e que estavam rompidos.
"Não vou discutir, gosto muito do Caiado. Sou apaixonado pelo
Caiado. Eu vou conversar pessoalmente com ele. Acho que tudo vai ser esquecido
e a gente vai continuar namorando, tenho certeza", disse.
O presidente ressaltou ainda que ele é o presidente do país, não o
general Hamilton Mourão. Na quarta-feira (25), o vice-presidente afirmou que o
presidente não se expressou da melhor maneira em defesa da politica de
isolamento.
"O presidente sou eu, pô. O presidente sou eu. Os ministros seguem
as minhas orientações. E o Mourão tem ajudado bastante: colaborado e dado
opiniões. Uma pessoa que está ao meu lado. É o reserva. Se eu empacotar, vocês
terão de engolir o Mourão. É uma boa pessoa", disse.
FOLHAPRESS
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