Uma chuva de 130 milímetros, na
madrugada do dia 4 de abril, fez o canal do Rio Granjeiro, no Crato,
transbordar mais uma vez. Parte do asfalto da Avenida José Alves de Figueiredo,
às margens da estrutura, também foi destruída pela forte correnteza.
Os problemas com o “canal do
medo”, como ficou conhecido e que corta o Centro da cidade, são recorrentes.
Precipitações mais fortes fazem a água invadir casas, comércio e até arrastar
veículos.
Após a quadra chuvosa, foram
feitas obras de reconstrução, mas a população cratense, vendo o período da
pré-estação se aproximar novamente, teme novos incidentes. “Quando chove,
ninguém dorme aqui em casa”, conta a aposentada Socorro Oliveira.
O professor Paulo Roberto Lacerda, doutor em
Recursos Hídricos, observa que o aumento da urbanização, sobretudo no sopé da
Chapada do Araripe, tem causado a impermeabilização do solo. “A água vai para o
montante da bacia na parte mais alta e escoa rapidamente para o rio”, detalha.
A própria modificação do trajeto natural do Rio Granjeiro pode explicar os
casos de transbordamento. “O canal tem algumas características hidráulicas que
não são mais adequadas”, complementa.
Medidas Após a quadra invernosa, a Secretaria de
Infraestrutura do Crato (Seinfra) iniciou a recuperação da parede do canal que
entrou em colapso pela erosão. Ao todo, foram gastos R$ 1,49 milhão, que
contemplou também a reestruturação da Avenida José Alves de Figueiredo. Mas,
nem todos os problemas foram solucionados.
Deste modo, a Pasta assinou um contrato de R$ 1,6
milhão para a restauração das vias e do canal com duração de seis meses, mas
que poderá ser prorrogado por igual período.
“Faremos uma vistoria, checando onde o concreto já
não existe mais ou há possibilidade de infiltrações”, explica o titular da
Seinfra, Carlos Andson Paiva. Paralelo a isso, a Secretaria de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Territorial (Semadt) tem executado, regularmente, a limpeza do
canal.
A mais recente deve ser concluída em duas semanas.
Ao logo do ano, este serviço é feito quatro vezes. “São mais de 20 homens
fazendo o desassoreamento das áreas internas e retirada de mato”, explica o
secretário Brito Júnior.
Além disso, são feitas campanhas educativas para
que os moradores do entorno não joguem lixo. Outra ação é a coleta três vezes
ao dia na Avenida José Alves de Figueiredo.
Em 2011, a Secretaria de Infraestrutura de Crato já
fazia estudos preliminares para solucionar os sucessivos casos de
transbordamento.
Na época, foram detectadas duas necessidades: criar
barragem de amortecimento para diminuir a velocidade da água e reconstruir todo
o canal em concreto, triplicando a vazão atual.
Agora, segundo o secretário Carlos Andson, a Pasta
enxerga outra alternativa: criar um desvio, através de sifões, para levar a
água do Rio Granjeiro até o Rio Batateira. “São saídas que têm um grande
custo”, ressalta.
Estudo A Seinfra iniciou um estudo topográfico que
“será concluído em breve”. Além disso, a Prefeitura está mantendo um diálogo
com o Governo do Estado para executar um projeto. “É praticamente impossível a
gestão municipal tocar isso com recursos próprios”, enfatiza Carlos. “Enquanto
não há um projeto, qualquer valor estipulado seria mera especulação”,
completa.
(Diário do Nordeste)
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