Pesquisadores
do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará
(UFC) descobriram a origem dos fardos de borracha encontrados na costa do
Nordeste. A equipe estava estudando dados históricos, físicos e biológicos para
explicar o surgimento das manchas de óleo que vêm sendo registradas no litoral
nordestino. Após análise das informações, chegaram à conclusão de que os fardos
vieram do navio alemão SS Rio Grande, naufragado na costa do Recife (PE), em
1941.
(Foto: Reprodução internet) |
Estávamos
investigando a hipótese de que esse naufrágio, que ocorreu durante a Segunda
Guerra Mundial, era a fonte do óleo, já que este material, por coincidência,
chegou aos mesmos locais nos quais os fardos chegaram no ano passado. Além
disso, o navio carregava uma grande quantidade de óleo combustível quando
afundou", afirma o professor Carlos Teixeira, oceanógrafo físico do
Labomar.
"No
entanto, alguns colegas da Universidade Federal da Bahia, usando informações da
Petrobras, disseram que o óleo encontrado era bruto, não tinha característica
de combustível, e também seria óleo novo - ou seja, não teria quase 80 anos de
idade. Apesar dessa informação preliminar, ainda precisamos de análises para
ver se de fato ele é novo ou não", pontua. "Como resultado desse
estudo sobre o óleo, acabamos descobrindo a origem dos fardos. Miramos em um
problema e acertamos em outro", diz o pesquisador.
A partir de
uma inscrição que estava nas caixas, a equipe fez uma pesquisa utilizando
registros históricos sobre naufrágios e conseguiu identificar o navio, que está
afundado a 1 mil km da costa de Recife e se encontra a aproximadamente 5,8 km
de profundidade. Além de Carlos Teixeira, os professores Luis Ernesto Bezerra e
Rivelino Cavalcante, também do Labomar, fizeram simulações no computador, tomando
como base a direção e intensidade das correntes oceânicas e dos ventos,
calculadas a partir da posição do naufrágio.
"Uma
coisa que também estamos fazendo - no caso, o professor Luís Ernesto - é
estudar os organismos que estavam nas caixas de borracha, para comprovar esta
hipótese. As cracas, por exemplo, não se desenvolvem a 5 mil metros de
profundidade, que é a profundidade onde o navio se encontra. Elas só se mantêm
perto da superfície. Através do cálculo da idade delas, teríamos uma ideia de quanto
tempo as caixas estiveram boiando", explica.
Os fardos
começaram a aparecer nas praias de Alagoas no dia 24 de outubro de 2018, sendo
a primeira ocorrência no Ceará registrada apenas dois dias depois. Caucaia,
Camocim e Aracati foram os primeiros locais no estado. Em Fortaleza, os
primeiros pacotes chegaram após cinco dias, na praia do Serviluz. Pesando cerca
de 100 kg e identificados um mês depois pelo laboratório do Instituto do Meio
Ambiente de Alagoas (IMA/AL) como sendo composto por borracha, a origem deles
permaneceu como um mistério até o estudo anunciado ontem pelo Labomar.
Como a
descoberta foi feita na terça, 8, a equipe ainda está trabalhando na produção
de um artigo científico para apresentação dos resultados.
Fonte: O
POVO
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