Foto: Lícia Maia. Na noite desta terça-feira (10), ocorreu o evento
Mulher de Lei, em comemoração aos 13 anos da Lei Maria da Penha. O palco do
Centro de Convenções recebeu Maria da Penha, que ganhou o título de cidadã dos
municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Essa é a primeira vez que
uma pessoa recebe os três títulos no mesmo momento.
A abertura da noite foi feita ao som dos poemas cantados de
Tião Simpatia, onde o artista explica e difunde a Lei Maria da Penha. Com seus
versos, Tião recebeu a própria Maria da Penha no palco, abrindo as homenagens.
Em seguida, das mãos de Tássio Honorato, a cearense recebeu o título de cidadã
Barbalhense. Tiago Esmeraldo fez as honras pela cidade do Crato e,
representando o Juazeiro, a própria autora do Projeto de Lei que confere a
cidadania do município à ativista, Jacqueline Gouveia, que entregou a placa
junto de Auricélia Bezerra. Maria da Penha também recebeu uma Honra ao Mérito
vinda o Lions Club do Crato.
Na ocasião, Maria da Penha contou um pouco de sua história e
de sua luta por justiça. “Foram 19 anos e seis meses”, conta ela, lembrando do
tempo que seu agressor levou para ser punido após tentar matá-la por duas
vezes.
“Isso de em briga de marido e mulher não se mete a colher é
coisa do passado, quando você ouvir alguma mulher sendo agredida ligue para o
180 ou denuncie à polícia local”, reforça Maria da Penha. “Os homens também
podem ajudar se inteirando sobre a Lei e esclarecendo e convencendo um amigo,
um vizinho, discutindo sobre o comportamento agressivo que eles possam ter”,
explica.
Maria da Penha ainda enfatiza que, para ajudar na efetividade
da proteção às mulheres, é necessário que os pequenos municípios criem um
centro de referência da mulher, seja dentro de um posto de saúde ou de um
hospital, e que a mulher seja sinalizada de que terá um abrigo seguro tanto
para ela como para os filhos.
“Desde o ano passado a gente não sente mais a criação de
políticas públicas como deveria ser”, relata a ativista, preocupada. “Existem
muitos municípios desassistidos, e isso traz um prejuízo grande à mulher”.
A vereadora de Juazeiro do Norte, Jacqueline Gouveia, afirma
que está muito feliz com a concretização do projeto que dá cidadania
juazeirense à Maria da Penha. “Sou muito fã dela, o seu trabalho me inspira,
sei que é uma luta árdua”, afirma a vereadora.
“É muito difícil acabar com a violência. Infelizmente, no ano
passado tivemos um crescimento no feminicídio, mas se isso já acontece com a
Lei imagina sem ela. Se a Lei existe, ela tem de ser divulgada”, diz
Jacqueline, completando, “a lei não existe para prender os homens, e sim os
agressores”.
Ciclo da violência
Maria da Penha explica que, em muitos caso, ocorre o “ciclo
da violência” com as mulheres agredidas. “Elas querem denunciar mas se
arrependem, acreditam quando o agressor diz que não vai mais fazer aquilo. Em
algum momento as agressões voltam e essa mulher pode ser assassinada”, alerta
Maria da Penha quanto à importância do encorajamento à denúncia pois, em muitos
casos, as violências podem culminar no feminicídio.
Fonte Badalo
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