O PSL, partido do presidente Jair
Bolsonaro, deixou, ontem, oficialmente, de ser dono da maior bancada na Câmara
dos Deputados, com a expulsão e a filiação do ex-ator Alexandre Frota ao PSDB.
Com a perda de um representante, o PSL aparece com 53 deputados federais, logo
abaixo do PT (54).
Atuante na internet na defesa do
impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e defensor ferrenho de Bolsonaro, Frota
deixou o PSL sem esconder o grau de insatisfação não só com a sigla pela qual
chegou à Câmara, mas com o próprio presidente.
"Ele me ajudou a me eleger,
mas eu ajudei a elegê-lo também. O que me incomoda são as coisas que ele fala,
da maneira que ele fala, nas horas erradas que ele fala, e algumas coisas que
não concordo no Governo", disse Frota.
O ex-ator saiu do PSL atirando.
Em entrevista, ele chegou, ontem, a dizer que Bolsonaro é "um idiota
ingrato que nada sabe" e que "aquela cadeira de presidente ficou
grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência".
Bolsonaro tratou a expulsão do
ex-aliado com desdém. Questionado sobre a expulsão do deputado, o presidente
disse que não conhecê-lo. "Sei nem quem é esse", reagiu.
As recentes críticas de Frota ao
Governo são atribuídas, em Brasília, ao fato de que o ex-ator não teve algumas
demandas atendidas, como indicações de cargos. "Nunca pedi cargo,
secretaria para o Bolsonaro. Acho que isso deveria partir dele, se fosse o caso.
E não eu ficar pedindo cargo para o Bolsonaro. Ao contrário, o Bolsonaro me
pediu para eu ajudá-lo a montar as secretarias culturais que apoiam o
secretário de Cultura, o Henrique Pires", afirmou Frota.
Não é o primeiro conflito interno
dentro do PSL que se agrava e provoca ruptura no partido do presidente. Em
fevereiro, com menos de dois meses de Governo, um dos homens fortes de
Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianno, foi demitido da Secretaria Geral da
Presidência. No mês passado, Bebianno alfinetou o antigo ídolo, durante uma
entrevista. "Se continuar nesse ritmo, Bolsonaro não se reelege",
previu Bebianno, expondo os atritos no núcleo militar expostos com a demissão
do ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
PF
Além dos ataques de um ex-aliado,
Bolsonaro também tentou, ontem, administrar outro foco de desgaste: a Polícia
Federal. Os gestos de interferência do presidente na chefia da PF no Rio
abriram uma crise e deram início a uma espécie de queda de braço entre o
Palácio do Planalto, o órgão e o ministro Sergio Moro (Justiça).
Desde quinta, o presidente tem
dado sinais de intervenção na PF, o que causou perplexidade e desconforto à
corporação. Em pouco mais de 24 horas, Bolsonaro demitiu o superintendente do Rio,
Ricardo Saadi, contestou o novo nome, de Carlos Henrique Oliveira e
praticamente deu como certa a nomeação para o cargo de um delegado com quem tem
contato desde que foi eleito -Alexandre Silva Saraiva.
"Quem manda sou eu, vou
deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou
eu", afirmou o presidente, ontem.
"Quando vão nomear alguém,
falam comigo. Eu tenho poder de veto, ou vou ser um presidente banana
agora?", disse o presidente.
As manifestações mostraram, na
avaliação da cúpula e de dirigentes experientes da PF, uma interferência que há
muito tempo não ocorria. Dirigentes da PF avaliam que Moro precisará arbitrar o
conflito. A PF é subordinada ao ministro da Justiça, enfraquecido em meio à
divulgação de mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil sobre sua
atuação com os procuradores da Lava Jato e que colocaram em xeque sua atuação
como juiz.
Jair Bolsonaro foi alvo de
ataques verbais pelo agora tucano Alexandre Frota, expulso do PSL, que deixou
de ter a maior bancada na Câmara dos Deputados. O presidente também abriu crise
com a demissão na PF fluminense.
Fonte: Diário do Nordeste
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