1.
Assumiu o protagonismo do jogo. Seus alvos estão fazendo exatamente o que ele
quis ou previu. Ele controla o tabuleiro. Pela primeira vez desde 2015, a
extrema-direita perdeu a iniciativa.
2. Os
procuradores e Moro responderam a ele justamente o que ele queria: confirmaram
a autenticidade das fitas. Foram debater a forma, não o conteúdo. Assim
disseram: você, Glenn, diz a verdade.
3. Ele
previu até o argumento que iam usar: a defesa da lei e da privacidade. E respondeu
a isso domingo, antes mesmo da reação do grupo: vcs não fizeram isso com Dilma?
Que moral têm? Assim, tirou deles o argumento moral, que era o principal da
LavaJato e que esta conduziu para a ideia de que os fins justificam os meios.
4.
Enquadrou a mídia pátria. A imprensa internacional caiu matando. A Folha de
hoje tem um relato bom das reações no estrangeiro. E os jornais de fora que li
chamam todos nosso governo de exceção de “extrema-direita”. Nenhum usa o
eufemismo “direita” (direita é Merkel, cara-pálida!) ou “liberal” (liberal é o
Economist, stupid!). Vai ser difícil passar pano por muito tempo.
5. Ao
dizer que não divulgaria as intimidades dos membros do grupo , mostrou-se
superior a eles (que publicaram conversas privadas de dona Mariza - sem falar
na subtração do iPad do pequeno, hoje falecido, Artur) - e deve ter causado
medo de que divulgue. Acuou-os.
6.
Finalmente, anunciou que soltará mais dados a conta-gotas. Tornou-se senhor do
tempo ou, se quiserem, é quem decide quais serão as próximas etapas, o
desdobramento do assunto (até porque ninguém sabe o que ele sabe).
Por
Renato Janine Ribeiro
Professor
de filosofia, cientista político, escritor e colunista brasileiro. Foi ministro
da Educação do Brasil, entre abril e setembro de 2015. É Professor-titular da
cadeira de Ética e Filosofia política da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
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